Política

Partidos condenam ataque com tinta a Luís Montenegro

André Kosters/Lusa

Para Mariana Mortágua, "se os autores desta ação alegam uma causa justa, então são os piores defensores dessa causa". Já Pedro Nuno Santos sublinha que a democracia foi a "maior conquista dos últimos 50 anos" e é preciso protegê-la.

O quarto dia de campanha para as eleições de 10 de março arrancou com um banho de tinta ao presidente do PSD, Luís Montenegro, durante uma ação em Lisboa. Os partidos políticos lamentaram o ataque dos ativistas pelo clima, apelando a uma campanha "sem nenhum tipo de violação do seu espaço físico" e ao respeito pela que democracia.

Após uma visita à Startup Leiria, Pedro Nuno Santos admitiu não ter conhecimento do protesto, mas disse lamentá-lo profundamente, salientando que a democracia foi a "maior conquista dos últimos 50 anos" e é preciso protegê-la.

"Condeno qualquer protesto em contexto de campanha democrática. Nós temos de saber respeitar, isto é um momento muito importante da nossa democracia. Os partidos estão a fazer legitimamente as suas campanhas, a apresentarem os seus projetos, e nós temos de respeitar, e depois o povo português expressa a sua intenção de voto nas urnas no dia 10 de março", declarou.

Já o líder da IL, numa mensagem partilhada na rede social X (antigo Twitter), defendeu que "quem usa formas de protesto que possam atentar à integridade física está a legitimar as forças mais extremistas da sociedade, contribuindo para atacar a democracia e a Liberdade".

"Inaceitável e contraproducente para as causas que dizem defender", escreveu Rui Rocha.

O porta-voz do Livre também lamentou o incidente e apelou a "uma campanha esclarecedora e sem nenhum tipo de violação do seu espaço físico".

"Todos nós temos uma causa que achamos que é mais importante que tudo, mas precisamente quanto mais amamos uma causa mais nos devemos preocupar com fins e meios", disse Rui Tavares, na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, onde participou num debate sobre o Ensino Superior.

Já a coordenadora do BE, Mariana Mortágua, considerou que "o ataque de hoje ao PSD é um ataque à liberdade na campanha eleitoral e, portanto, à democracia".

"Se os autores desta ação alegam uma causa justa, então são os piores defensores dessa causa", lê-se numa publicação da bloquista na rede social X.

Em Cascais, a porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, disse que "não é assim" que as reivindicações climáticas são ouvidas e pediu aos jovens que façam ouvir a indignação nas urnas.  

Por fim, o presidente do Chega, André Ventura, classificou o ataque como "um ato desprezível e de cobardia". 

"Isto não ajuda causa nenhuma, não representa de todos os jovens portugueses e merece condenação inequívoca. Solidariedade!", defendeu.

O secretário-geral do PCP condenou o arremesso de tinta ao e manifestou "solidariedade" com Luís Montenegro, criticando a atitude dos ativistas.

"Com a atitude que tiveram, estão a afastar as pessoas de uma causa nobre que é a defesa do ambiente. Acaba por afastar e não aproximar as pessoas da causa do ambiente. Não é compreensível uma atitude desse tipo e espero que isso não se volte a repetir. Estará na responsabilidade de quem as faz", afirmou Paulo Raimundo aos jornalistas durante uma arruada da CDU em Portimão.

O presidente do PSD, Luís Montenegro, foi esta quarta-feira atingido com tinta verde por um jovem à entrada da Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), onde se deslocou em campanha eleitoral. Momentos depois, os  ativistas do movimento Fim ao Fóssil reivindicaram a ação em comunicado, argumentando que "nenhum partido tem um plano adequado à realidade climática".

Os estudantes acusam o PSD de defender "o sistema fóssil que coloca o lucro à frente da vida".

O grupo lembra que as eleições de 10 de março dão mandato até 2028, pelo que o próximo Governo será o último que pode garantir o fim aos fósseis até 2030.

Em atualização

Maria Ramos Santos