Sociedade

"Ainda vamos a tempo." Diretores de escolas desafiam partidos a assinar pacto até às eleições

Filinto Lima Igor Martins/Global Imagens (arquivo)

No Fórum TSF, Filinto Lima afirma que é preciso recuperar a “paz e estabilidade” nas escolas.

A três meses dos exames nacionais, ainda há 400 mil alunos a quem falta pelo menos um professor. O alerta foi feito pela Fenprof e esteve em debate esta terça-feira no Fórum TSF. As associações de pais e os diretores das escolas lamentam que as aprendizagens estejam a ser afetadas por falta de resposta do Governo e desafiam os partidos políticos a tomar uma posição até ao próximo dia 10 de março, data das eleições legislativas.

“As famílias que podem vão para as explicações. É uma coisa que não devia acontecer porque a igualdade de oportunidades devia ser para todos”, começou por defender Paulo Cardoso da Confederação Nacional de Associação de Pais. 

“Não é por acaso que o estado da Educação em 2022 nos diz que no 3.º ciclo houve um aumento da retenção. Não foi significativa, mas já vem desde aí. Aquilo que acontece é que os alunos não ficam com aprendizagens, mas sim com lacunas naquilo que é o conhecimento para o futuro”, acrescentou. 

Também no Fórum da TSF, o secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, apontou português, inglês, geografia e matemática como as disciplinas onde há mais dificuldades e manifestou preocupação com as propostas do Governo para resolver o problema de falta de professores. 

“Ouvimos que se queria resolver este problema com o recurso aos professores que se aposentaram. Isso tem pouco sentido”, disse. 

“Em primeiro lugar, porque é pouco provável que aqueles que estão a contar o dia a dia para se aposentarem, aposentando- se, queiram voltar”, argumentou Mário Nogueira, acrescentando que “um dos problemas que se vive hoje na profissão docente e que se reflete na vida das escolas é precisamente o envelhecimento da profissão”. 

“Se temos um problema de envelhecimento e formos compensar a falta de professores com quem já se aposentou, que andará na casa dos 70 anos, convenhamos que não é por aí que vamos dar resposta”, defendeu. 

Por outro lado, o presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas, Filinto Lima, lamentou que a campanha eleitoral esteja a passar ao lado da Educação, mas notou: “Ainda vamos a tempo.” 

“Sempre dissemos que este pacto da Educação teria que ser celebrado antes do dia 10 de março. O limite é até ao dia 8, sexta-feira. Ainda vamos a tempo com certeza. O desafio é este”, atirou, esperando que após as legislativas regresse “paz e estabilidade” nas escolas. 

Manuel Acácio