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O toque de Albini no fado de Carminho

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Tudo começou com um dia de folga em Chicago, no outono de 2023, e uma visita programada ao estúdio do produtor Steve Albini, durante a terceira tournée de Carminho pelos EUA. A fadista conhecia Albini (que faleceu subitamente na primavera de 2024), como o produtor de álbuns de artistas como The Pixies, PJ Harvey e Nirvana, um outro universo musical, mas que não deixava de encantar a fadista, pela figura lendária do trabalho em estúdio.

Os músicos de Carminho juntaram-se a ela e passaram o dia a trabalhar com Steve Albini, usando instrumentos como o mellotron, o lap steel e a guitarra elétrica (que a fadista tinha acrescentado aos instrumentos tradicionais portugueses no seu álbum anterior, Portuguesa). Naquele dia conseguiram gravar 4 músicas.

“Quem trabalhou com Steve Albini sabe da sua humilde autenticidade e dedicação à perfeição do som cru, e ele fez com que as gravações soassem como se estivéssemos a atuar numa casa de Fado em Lisboa. O nosso processo criativo neste EP foi uma verdadeira colaboração. A influência genial de Albini é inegável. Embora a indústria musical tenha perdido um talento incrível, de certa forma, ele vive nas nossas canções”, diz Carminho.

O EP "Carminho At Electrical Audio" tem quatro faixas. Numa delas podemos ouvir Carminho e Caetano Veloso juntos a interpretarem “Os Argonautas”, a canção-fado do compositor brasileiro do final dos anos 60, cantado agora a duas vozes. Há ainda "Deixei a Minha Casa" (Alexandrino da Ponte), "Não Olhes os Meus Olhos" (Fado da Espera) e "Gota de Água" (poema de António Gedeão).

O EP foi editado esta sexta-feira nas plataformas digitais e vai ter uma edição em vinil em novembro. 

Miguel Fernandes