No primeiro dia de contagem houve um número significativo de votos considerados nulos por causa da falta de cópia do Cartão de Cidadão.
A contagem do voto dos emigrantes vai a meio. Na quarta-feira, ao final do dia, vão ser divulgados os resultados. Para já cumpre-se uma autêntica maratona no Centro de Congressos de Lisboa, com cerca de 60 pessoas, indicadas pelos partidos políticos, a fazer a contagem.
"É uma boa demonstração de como está organizado o nosso sistema eleitoral porque isto replicou-se também nas eleições do dia 10, a nível nacional. Os próprios partidos fazem uma autoverificação e um autocontrolo do nosso sistema eleitoral na contagem dos votos. Muitos daqueles comentários que nós ouvíamos no passado ou há uns dias sobre manipulação de resultados e coisas do género, mostra-se aqui que não têm qualquer razão de ser", explicou à TSF o porta-voz da Comissão Nacional de Eleições, Fernando Anastácio.
No primeiro dia de contagem houve um número significativo de votos considerados nulos por causa da falta de cópia do Cartão de Cidadão. Fernando Anastácio contou que os eleitores usam vários argumentos para não enviarem a cópia do documento.
"Há quem diga que o esclarecimento é suficiente, eu penso que não é só nessa matéria. É preciso lembrar que em todos os envelopes que as pessoas receberam em casa estavam folhetos explicando, na essencialidade, que para que o voto fosse válido era necessário enviar uma cópia do Cartão de Cidadão, mas já ouvi teorias de que as pessoas não querem pôr porque, por um lado, acham que é ilegal fotocopiar o Cartão de Cidadão. Outros dizem que, com isso, as pessoas ficam com os dados pessoais. Outros dizem que fica-se a saber em quem é que votaram. O legislador, necessariamente, vai ter que fazer uma reflexão sobre essa matéria", defende o porta-voz da CNE.
O número de cartas recebidas representa 19,42% dos 1.541.464 eleitores dos dois círculos - Europa e Fora da Europa - que optaram por votar via postal, votação superior em quase cinco pontos percentuais aos 14,49% de votos recebidos no mesmo período nas eleições legislativas de janeiro de 2022.
Mais de 1,5 milhões de cartas com os boletins de voto foram enviadas para 189 destinos a partir de 04 de fevereiro e os votos começaram a chegar a Portugal em 20 de fevereiro.
A opção pelo voto presencial foi exercida por 5283 eleitores. Os dados da Administração Eleitoral apontam ainda para uma diminuição das cartas devolvidas sem votação: 106.950 em 2024 (6,94%) contra 142.408 (9,37%) nas legislativas de há dois anos.
No que se refere aos motivos indicados para a devolução dos envelopes, destaca-se a indicação de destinatário "Desconhecido" na morada indicada, com 59,45%, e de "Não Reclamado", com 17,21%.
Os votos dos emigrantes portugueses irão resultar na eleição de quatro deputados, que poderão influenciar o resultado final das legislativas, uma vez que a coligação Aliança Democrática (PSD/CDS/PPM) elegeu 79 deputados e o PS 77.
Só depois de quarta-feira, último dia da recolha e contagem destes votos, o Presidente da República, que deverá ter ouvido todos os partidos com assento parlamentar até essa data, indigitará o novo primeiro-ministro.