Sociedade

"É um problema político." Alterações à disciplina de cidadania não são "prioritárias" e causam "perturbação"

O líder da ANDAEP sublinha que "o grande problema" das escolas é a "escassez de professores" Igor Martins/Global Imagens (arquivo)

Filinto Lima admite, na TSF, "alguma dispersão" em relação à temática da sexualidade, que "pode causar alguma discórdia". Esta é apenas uma das 17 temáticas propostas no programa desta disciplina

O presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas (ANDAEP) defendeu esta segunda-feira que as alterações à disciplina de cidadania e desenvolvimento "são um problema político" e causam "perturbação" no funcionamento das escolas. Em causa está o anúncio do primeiro-ministro, que quer retirar a carga "ideológica" do conteúdo programático.

Filinto Lima, líder da ANDAEP, lamenta, em declarações à TSF, que os políticos, quando chegam ao poder, tenham sempre "duas tentações em relação à educação", que passam por alterar o currículo das disciplinas, bem como a sua avaliação externa.

"O professor Marcelo Rebelo de Sousa fala num acordo de regime. Nós falamos de um entendimento entre os principais partidos políticos para que o currículo e a avaliação externa não tenham sempre de mudar num país onde a alternância democrática é um critério de há uns anos", aponta.

O líder da ANDAEP afirma, por isso, que este é um "problema político" e não um "problema das escolas". Indo mais longe, considera mesmo que o anúncio de Luís Montenegro "causa perturbação".

"As escolas têm outros problemas: a escassez de professores, a necessidade de atualizar o rácio dos funcionários, porque as escolas necessitam de mais funcionários, as obras que algumas escolas estão à espera de se concretizarem. Estes é que são os reais problemas das escolas", identifica, acrescentando que as restantes questões devem ser resolvidas entre os partidos políticos "e mais ninguém".

Filinto Lima insiste que a questão da disciplina de cidadania "não é prioritária" e sublinha que "o grande problema" é a "escassez de professores".

"Isso é o verdadeiro problema, que eu espero que não se transforme numa pandemia na educação, porque ele está muito localizado em Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e no Algarve", alerta.

O presidente da ANDAEP admite, ainda assim, "alguma dispersão" em relação à temática da sexualidade, que "pode causar alguma discórdia". Esta é apenas uma das 17 temáticas propostas no programa desta disciplina.

"Sobre as restantes temáticas, há um consenso generalizado no nosso país. Temáticas como os direitos humanos, a saúde, os media e o voluntariado são exploradas em algumas escolas no âmbito desta disciplina e merecem consenso", garante.

Cláudia Alves Mendes