Economia

"Rio Guadiana está a renascer." Alqueva tem água com fartura para "os próximos três anos"

Reinaldo Rodrigues/Global Imagens (arquivo)

Aquele que é o maior lago artificial da Europa já está a fazer algumas descargas controladas

A barragem do Alqueva está quase a atingir o volume máximo de armazenamento. Esta sexta-feira, o maior lago artificial da Europa encontra-se à cota 151,68, ou seja, a 32 centímetros da cota de pleno armazenamento. Por esta altura, a barragem já se encontra a fazer algumas descargas controladas.

Em declarações à TSF, José Pedro Salema, presidente do Conselho de Administração da Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva (EDIA), revelou que a barragem "está muito próxima do nível de pleno armazenamento. [...] Estamos a 32 cm do nível de pleno armazenamento e ditam as normas de exploração desta barragem que, acima da cota 151,50, devemos articular com o operador das Centrais Hidroelétricas o turbinamento e monitorizar muito perto a velocidade de subida do nível das águas, porque podemos ter de realizar descargas e, portanto, utilizar os órgãos de segurança da barragem com alguma rapidez". "Estamos com o nosso nível de prontidão máxima", garantiu.

A última vez que a barragem do Alqueva chegou ao nível máximo foi há cerca de 11 anos. Mas, nessa altura, a EDIA não fez descargas para o rio Guadiana, já que desviou a água para a central hidroelétrica, para a produção de energia. No entanto, por esta altura, a situação é diferente. E, sublinha José Pedro Salema, estamos a assistir ao regresso do Guadiana de há alguns anos.

"Abaixo do Alqueva, temos a barragem de Pedrogão. E as duas funcionam em conjunto, portanto, é um sistema que está muito articulado por causa da reversibilidade do turbinamento de bombagem em Alqueva. O que acontece é que há já alguns dias o sistema está a descarregar em Pedrógão. Portanto, pelo Guadiana abaixo, com níveis diferentes [...], já chegámos aos 1000 m³ por segundo. É muita água que já saiu e que não é possível pura e simplesmente reter. Portanto, temos de o fazer por segurança. Não podemos guardar mais e, portanto, está de facto a renascer o Rio Guadiana a jusante de Pedrógão, com caudais muito significativos", reforça o presidente da EDIA.

E depois de alguns anos de seca, o problema da falta de água está, por agora, resolvido. A barragem do Alqueva tem água suficiente para todos, mesmo que não chova um pingo de chuva nos próximos três anos. "É um momento que nos faz lembrar os tempos mais antigos, mas a nossa memória meteorológica também é muito curta. [...] Isto não é uma situação anormal, é uma situação típica que observamos de quando em quando e que agora se está a repetir. [...] O Alqueva consegue garantir o abastecimento pleno a todas as áreas que serve todos os seus beneficiários, com o volume atual, durante três anos, admitindo que não chegue mais água nenhuma", sublinha José Pedro Salema.

A barragem do Alqueva tem estado a armazenar água desde fevereiro de 2002 e atingiu, pela primeira vez, o nível máximo a 12 de janeiro de 2010, uma situação que se repetiu em março desse ano. A última vez que o maior lago artificial da Europa chegou à cota máxima foi há 11 anos. 

David Alvito