Rui Tavares enumera questões "fundamentais" às quais gostaria de ter uma resposta, por exemplo, "a guerra que há no continente europeu e no entorno"
O Livre anunciou esta quarta-feira que vai apresentar um requerimento para ouvir na Assembleia da República o presidente eleito do Conselho Europeu, António Costa, sobre a sua "visão e pensamento" para a Europa no futuro.
Em declarações aos jornalistas no Parlamento, o porta-voz do Livre Rui Tavares afirmou que o partido quer ouvir o antigo primeiro-ministro socialista, que tomará posse como presidente eleito do Conselho Europeu no início de dezembro, sobre "os desafios que a Europa atravessa, a sua visão e pensamento para a Europa no futuro". "Creio que será também uma oportunidade importante, tanto para o próprio como para a Assembleia da República", considerou Rui Tavares.
O deputado do Livre salientou que apesar de o ex-primeiro-ministro socialista já ter debatido várias vezes assuntos europeus no Parlamento, "não o fez enquanto alguém que vai assumir um cargo de representação dos interesses da União Europeia como um todo".
"Há questões, por exemplo, fundamentais que têm a ver com o Estado de Direito na União Europeia, se vai finalmente, como Presidente do Conselho Europeu, ativar o artigo 7.º em relação à Hungria, que não o ativou no passado, que decidiu não o ativar, como é que vê todas as questões que estamos a passar na Europa, o recente relatório de Mário Draghi sobre as questões do crescimento, da inovação, da competitividade na Europa, a guerra que temos no continente europeu e no entorno", enumerou.
A presença de António Costa no Parlamento é facultativa, à semelhança da de Maria Luís Albuquerque, ex-ministra das Finanças proposta pelo Governo português como candidata ao cargo de comissária europeia e cuja audição foi aprovada esta quarta-feira na Comissão de Assuntos Europeus, a pedido do Livre.
Rui Tavares disse esperar que Maria Luís Albuquerque aceite o convite dos deputados portugueses para esta audição no Parlamento, lembrando que também foram aprovados esta quarta-feira outros requerimentos para ouvir a ex-ministra das Finanças sobre a privatização da TAP em 2015 na Comissão de Economia, Obras Públicas e Habitação.
"Caso Maria Luís Albuquerque viesse a recusar esta possibilidade que lhe é dada pela Comissão de Assuntos Europeus de vir ser ouvida pelo Parlamento nacional, isso seria uma enorme falta de respeito perante a Assembleia da República do Estado-membro que a está a apresentar à Comissão Europeia", considerou.
Tavares recordou que Maria Luís Albuquerque vai ser ouvida nos próximos meses pelos eurodeputados no Parlamento Europeu, algo que "não exime os parlamentos nacionais de também participarem" no debate.
Na opinião do deputado do Livre, se Maria Luísa Albuquerque chegar ao Parlamento Europeu tendo recusado ser ouvida pelo Parlamento nacional, "quando há pelo menos 12 outros parlamentos nacionais que, em geral, ouvem os seus próprios comissários, estará a dizer aos eurodeputados que tem medo e que não quer, que não se sente preparada para vir falar sobre a sua visão para a Europa".
A 27 de junho o ex-primeiro-ministro português António Costa foi eleito pelos chefes de Estado e de Governo da União Europeia como presidente do Conselho Europeu para um mandato de dois anos e meio, tomando posse em dezembro.