Política

Governo "prepara-se para eleições": Pedro Nuno quer "evitá-las", mas não a qualquer custo

Em Coimbra, o secretário-geral do PS apontou ainda o dedo ao Governo pelo aumento no preço dos combustíveis

Com um Governo com a mente em eleições antecipadas, a “propaganda” tem sido a palavra de ordem. É o que nota Pedro Nuno Santos, que está disponível para dar a mão ao Governo, mas não a qualquer custo. O socialista entende que “é muito importante evitar eleições”, mas “é ainda mais importante” evitar “medidas lesivas”.

Pedro Nuno Santos recordou as palavras da noite eleitoral de 10 de março, quando alertou que “é praticamente impossível” o PS viabilizar o Orçamento do Estado, e garante que “nada mudou”. Há, no entanto, uma janela de oportunidade, mas o PS “não abdica da visão que tem para o país”.

Perante a Comissão Nacional do partido, em Coimbra, o secretário-geral começou pior descrever, em poucas palavras, os cinco meses do Governo de Luís Montenegro, que “não tem sido sério” na saúde, na educação ou na habitação. Das últimas horas, também a recente atualização da taxa de carbono, que aumenta o preço dos combustíveis, deixa o socialista incomodado.

“Estes agravamentos fiscais estão a ser feitos, ao mesmo tempo, que há um alívio no IRS. Nós estamos todos recordados que, cada vez que apresentávamos um Orçamento, tínhamos a direita a tentar explicar ao país que o que dávamos com uma mão, tirávamos com duas”, recordou.

Neste caso, é o que está a fazer o Governo, acusa Pedro Nuno Santos, deixando os portugueses com o mesmo dinheiro no bolso no final do mês. É apenas “propaganda”, acrescenta o socialista, que acusa ainda Luís Montenegro de querer levar o país para eleições.

“O que temos em Portugal é um Governo que nestes cinco meses tem feito propaganda e tem enganado em várias áreas os portugueses com uma única coisa em mente: ter eleições antecipadas e prepararem-se para elas. Só que não vale tudo na política”, alertou.

PS "dá oportunidade" ao Governo, mas com avisos

O PS quer “evitar as eleições antecipadas”, que podem acontecer como efeito secundário ao chumbo do Orçamento do Estado, mas Pedro Nuno Santos avisa que não viabilizará o documento a todo o custo.

“Estamos disponíveis para dar uma oportunidade a quem quer continuar a governar Portugal, para garantir condições para a viabilização do Orçamento e, dessa forma, evitar eleições antecipadas. Nós disponibilizamo-nos, mas isso não significa que o PS abdique daquele que é o seu programa e da visão que tem para o país”, acrescentou.

Desde logo, em matérias como a descida do IRC e o IRS Jovem, que o PS quer riscar do Orçamento do Estado, diz Pedro Nuno Santos que a receita fiscal tem de ser usada para “melhorar os serviços públicos”.

“É muito importante evitarmos eleições, mas é ainda mais importante garantirmos que não são adotadas medidas que são penalizadoras, de forma permanente, para os portugueses. Nunca iremos permitir que seja aprovado um Orçamento que tenha medidas lesivas”, garantiu.

Um pingue-pongue entre o PS e o Governo, com os socialistas disponíveis para negociarem, embora Pedro Nuno Santos avise que não abdica da “visão que tem para o país”. Da segunda ronda negocial entre o Governo e a oposição, ficou a garantia de um novo encontro com os socialistas. Resta esperar pela data.

Francisco Nascimento