O antigo ministro da Administração Interna aconselha o PS a “dialogar”, mas com linhas vermelhas
Numa altura em que o PS discute com o Governo a viabilização do Orçamento do Estado, também José Luís Carneiro coloca-se ao lado de Pedro Nuno Santos. O antigo adversário pela liderança socialista falou aos militantes na comissão nacional, em Coimbra, e deixou elogios ao secretário-geral, que “tudo tem feito pela estabilidade política”.
Uma reunião sem divisões internas, com o relatório e contas do ano passado a ser aprovado por unanimidade. Em quase três horas de reunião, Pedro Nuno Santos ganhou até um apoio de peso, outrora, adversário político.
No discurso perante a comissão nacional, à porta fechada, José Luís Carneiro saudou o PS e Pedro Nuno Santos, que “tudo têm feito pela estabilidade política”. E lembra que “a estabilidade é essencial”, ainda para mais, em tempo de guerra.
O antigo ministro da Administração Interna aconselhou o PS a “dialogar”, mas com linhas vermelhas: “contas certas, responsabilidade para com as novas gerações”, priorizando a “saúde, educação, habitação e mobilidade”.
Críticas só mesmo para o Governo, a quem apontou “falta de humildade democrática”, até pela “limpeza” nas chefias de vários setores da administração pública: “É inaceitável a "limpeza" na administração pública, sem cuidar de garantir a transferência de conhecimento”.
José Luís Carneiro acrescenta ainda que tem sido “derramado muito dinheiro sobre os problemas, mas, escasseia uma visão reformista para modernizar a sociedade e o Estado”, além do “falhanço grave” na saúde e na educação.
Um discurso que segue a linha de Pedro Nuno Santos, há poucos meses, rival interno, numa altura em que também o PS começa a discutir nomes para as eleições autárquicas e José Luís Carneiro tem sido um dos nomes apontados à Câmara do Porto.