Sobre o Orçamento do Estado, Isabel Mendes Lopes admite à TSF que o voto contra é praticamente uma certeza: "A Aliança Democrática, PSD e CDS, têm visões muito opostas à visão do Livre para o país e dificilmente haverá compatibilidade"
O Livre inicia esta segunda-feira as suas primeiras jornadas parlamentares, em Elvas, distrito de Portalegre, com foco nas dificuldades das populações do interior do país e com o debate do Orçamento do Estado para 2025 como pano de fundo.
Em declarações à TSF, a líder parlamentar do Livre lembra que o distrito de Portalegre é o que tem perdido mais população na última década. Isabel Mendes Lopes promete apresentar respostas para o interior do país.
"O distrito de Portalegre é o único que elege apenas dois deputados, o que, na prática, faz com que os eleitores de Portalegre apenas possam ver com real expectativa a eleição de dois ou três partidos do seu círculo eleitoral. E isto é provocado exatamente pelo despovoamento que tem acontecido, o que vai levando a que haja cada vez menor representatividade. Acaba por ser um ciclo vicioso. Mas vamos também falar das outras questões que têm sobretudo a ver com a qualidade de vida no distrito de Portalegre e de uma forma geral nos distritos que ficam mais no interior do país", afirma.
Por sua vez, em declarações à Lusa, para Isabel Mendes Lopes, este problema traduz "uma grande desproporção e desigualdade entre eleitores do mesmo país", razão pela qual o partido vai insistir na criação de um círculo nacional de compensação, para combater "este desequilíbrio eleitoral e de democracia que existe entre as várias regiões do país".
A dificuldade de acesso a serviços públicos básicos como na área da saúde, "uma simples caixa de multibanco ou o acesso aos correios" será outra das temáticas em cima da mesa nestas jornadas, nas quais o Livre quer ainda falar de criação de emprego e a sua ligação à sustentabilidade ecológica.
Em semana de entrega do Orçamento do Estado, Isabel Mendes Lopes lamenta à TSF que o Governo não tenha assumido uma postura dialogante com a oposição, recordando que o Livre teve apenas duas reuniões com o Executivo. Ainda assim, o partido vai apresentar propostas de alteração ao documento, embora a deputada admita que o voto contra é praticamente uma certeza.
"Também temos sido muito claros em dizer que a AD, PSD e CDS têm visões muito opostas à visão do Livre para o país, para aquilo que é a justiça social, para aquilo que é a incorporação da ecologia no nosso modelo de desenvolvimento e, portanto, dificilmente haverá compatibilidade entre estas visões", assinala ainda.
O programa arranca esta segunda-feira com uma sessão de abertura na Biblioteca Municipal de Elvas, seguida de uma reunião, à tarde, com a associação empresarial deste concelho.
Na terça-feira, o dia começa com uma visita ao Centro Ciência e Inovação do Café, em Campo Maior, seguida de uma visita à fábrica da Nova Delta e à barragem do Caia, com uma reunião com representantes da organização não governamental de ambiente Quercus.
O grupo parlamentar regressa à Biblioteca Municipal de Elvas à tarde para o encerramento das jornadas.
Isabel Mendes Lopes foi interrogada pela Lusa sobre se a organização destas jornadas parlamentares em Elvas, concelho no qual o Chega obteve o melhor resultado em percentagem nas legislativas de março, está relacionada também com o crescimento deste partido naquela região, sendo o combate à extrema-direita uma bandeira eleitoral do Livre.
"Parece-nos que é muito importante que, por todo o país, as pessoas não se sintam esquecidas, não se sintam abandonadas e percebam que há políticos e há serviços e há Estado que trabalha para todo o país. Por isso é que nós quisemos marcar as nossas primeiras jornadas parlamentares em Elvas", salientou a deputada.
As jornadas parlamentares do Livre estiveram agendadas para 23 e 24 de setembro, mas foram adiadas pelo partido para esta segunda-feira e terça-feira devido aos incêndios que assolaram o país no final daquele mês.