Política

PS "não trabalha para eleições", mas Pedro Nuno avisa que "sabe o que é governar": "Quem parece querer eleições é o Governo"

Pedro Nuno apela a uma "reflexão" sobre o funcionamento do Ministério Público se nada se provar contra António Costa.

O PS “não está a trabalhar” no cenário de eleições antecipadas, mas Pedro Nuno Santos lembra que tem experiência como governante e não tem receio de ir a votos. Nota, no entanto, que esse parece ser o objetivo do Governo de Luís Montenegro, que tem mostrado “incompetência e desorientação” no primeiro mês em funções.

O secretário-geral do PS esteve, na noite desta segunda-feira, na SIC, para uma entrevista, depois de uma semana em que viu aprovado o fim das portagens nas antigas SCUT, na fase de generalidade, com a ajuda do Chega.

Sobre o partido de André Ventura, Pedro Nuno Santos responde apenas que o Chega “está nos antípodas do PS”, ao contrário do PSD “que está muito mais próximo”, e recusa “limitar-se a assistir” à governação de Luís Montenegro, sem apresentar propostas na oposição.

A discussão centrou-se no atual Governo suportado pelo PSD e pelo CDS-PP que “mais parece querer eleições” e que tem sido “fator de instabilidade” desde que sucedeu aos socialistas. E está mesmo, nas palavras de Pedro Nuno Santos, “em combate” com o que herdou do anterior Executivo.

“Nós não estamos a trabalhar para eleições, quem parece que está a trabalhar para eleições é o Governo. Nós não criámos nenhum grupo parlamentar de combate, temos uma bancada que faz o seu trabalho. Quem criou um Governo de combate, como disseram vários analistas, foi o Governo”, respondeu.

Questionado se estará pronto para eleições no início do próximo ano, caso o Orçamento do Estado seja chumbado, e inviabilize a governação social-democrata, Pedro Nuno Santos lembra que “já governou” e “sabe o que é governar”.

“Fizemos uma campanha sem casos, Luís Montenegro fez uma campanha com casos. E, em 30 dias, já teve vários outros casos. Não se apresenta ao país como alguém capaz de liderar com estabilidade e segurança, procurando entendimentos e abrindo-se a outros partidos. Parece que está em guerra com tudo e com todos”, acrescentou.

Pedro Nuno apela a "reflexão" se nada se provar contra Costa

No que toca à procuradora-geral da República, Pedro Nuno Santos reforça que Lucília Gago deve ser ouvida no Parlamento, não sobre casos concretos, mas sobre a atividade da PGR. Acrescenta que “todas as áreas são escrutinadas” e devem ser avaliadas.

Sobre a Operação Influencer, que deitou abaixo o Governo de maioria absoluta do PS, o socialista entende que, no final de contas, “se nada se provar”, deve haver uma reflexão sobre o funcionamento do Ministério Público.

“Se chegarmos ao fim do processo e percebermos que não há mais nada além do que se sabe, é muito alarmante. Isso tem de provocar uma reflexão em todos nós, como é óbvio”, respondeu.

PS disponível para viabilizar recuperação do tempo de serviço dos professores

As negociações com os professores, tendo em vista a recuperação do tempo de serviço, decorrem com o Governo, mas Pedro Nuno Santos mostra-se disponível para viabilizar o que saia das reuniões com os sindicatos, formando uma maioria com o PSD e o CDS-PP.

É um exemplo, acrescenta o socialista, de que o seu partido “não é uma força de bloqueio, mas sim de responsabilidade”. Lembra que no programa eleitoral propunha a recuperação do tempo de serviço em quatro anos, e o PSD em cinco.

Pedro Nuno Santos foi entrevistado, esta segunda-feira à noite, depois de uma semana em que viu aprovado o fim das portagens nas antigas SCUT. A discussão segue para a especialidade.

Francisco Nascimento