Política

"O PS aceitou conversar." Socialistas recusam fazer "futurologia" sobre Orçamento do Estado

Gerardo Santos / Global Imagens

O Orçamento do Estado para o próximo ano subiu a debate no programa O Princípio da Incerteza, da TSF e da CNN Portugal

O Partido Socialista não embarca em "futurologia" a propósito do Orçamento do Estado. No programa O Princípio da Incerteza, da TSF e da CNN Portugal, a líder parlamentar Alexandra Leitão garante que os socialistas estão de boa-fé nas negociações e que não adianta fazer previsões.

"O Partido Socialista aceitou conversar e depois é simples: se as negociações forem positivas, aprova o Orçamento de Estado, ou melhor, viabiliza-o pela abstenção. Se as negociações tiverem resultado negativo, chumba o Orçamento de Estado, sem outras considerações. Eu já disse várias vezes que é assim, quando nós entramos com outras considerações, há eleições, não há eleições, fica em duodécimos, se há eleições, o que acontece nas eleições... vale mais não fazer futurologia. Não sabemos se fica em duodécimos ou se há eleições, não sabemos o que acontece nas eleições, portanto, vale mais ficar no que é certo, e, para o Partido Socialista, o que é certo é viabilizar se, no global, fruto das negociações, entender que o Orçamento - não é o nosso, nem precisa de ser o do PS - não tem lá algumas coisas inaceitáveis para o Partido Socialista. Se no fim das negociações não for assim, chumba", explica.

A líder da bancada socialista avisa ainda o Governo de que não vale a pena seguir um discurso agressivo. "Não é a agressividade que às vezes encontramos da parte do Governo que vai levar o Partido Socialista a fazer uma coisa ou a fazer outra, não nos forçarão a radicalizar", assegura, sublinhando: "Deixamos que seja o Governo a radicalizar o discurso."

"Agora uma coisa é certa: se houver decisões, se houver medidas claramente regressivas do ponto de vista fiscal, pois então era melhor que o Partido Socialista não se deixasse empurrar nem pela agressividade do Governo, como digo, radicalizem do lado de lá, não precisamos radicalizar nós, nem pela pressão da opinião publicada, que parece esquecer-se que há uma direita à direita do Partido Social-Democrata, que, provavelmente, concorda bem mais com estas medidas. Aliás, acabei de citar que a medida é parecida com a do partido de Le Pen, em França, que, como sabem, é um partido irmão do Chega", considera.

Já Pacheco Pereira faz um diagnóstico de medo por parte dos socialistas.

"Quando se tem medo em política transparece logo. Tem medo de eleições. O PS mudou de posição já várias vezes nesta matéria. Começou por dizer que muito dificilmente ou que em nenhuma circunstância aprovaria o Orçamento, depois anda para trás ou para a frente, se há linhas vermelhas ou não há linhas vermelhas e aparentemente está a negociar com boa-fé, com um parceiro que o insulta em todas as esquinas possíveis e imaginárias. Quanto mais se comportar como oferecido, mais o parceiro vai ameaçar. É a lógica das coisas, isto é a psicologia barata que agora está muito na moda, mas na realidade é assim que as coisas estão a funcionar", refere.

Por outro lado, Miguel Macedo diz estar na expectativa para perceber se há ou não luz verde na Assembleia da República, mas considera que não é futuro para o país não haver Orçamento do Estado. 

"Olhando para o Partido Socialista, nós verdadeiramente não conseguimos identificar uma estratégia para esta questão orçamental. O Partido Socialista começou por dizer logo a seguir às eleições que era praticamente impossível aprovar ou viabilizar um Orçamento da direita. E depois foi matizando as coisas ao longo do tempo - e bem. Mas a verdade é que nunca foi capaz de dizer uma coisa ou o contrário disto que afirmasse uma estratégia clara que é: 'nós consideramos que é muito importante que o país tenha um Orçamento ou nós não consideramos que seja muito relevante que o país tenha um Orçamento.' E eu, em relação a esta matéria, quero dizer o seguinte: eu discordo de todos aqueles que pensam e que acham viável que, não havendo Orçamento, se pode viver em duodécimos, porque então entraríamos no país numa agonia política cujo resultado não seria positivo", afirma.

TSF