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"Um escândalo." Papa condena desperdício de alimentos face à fome em tantos países

O Papa elogiou os agentes da polícia financeira italiana porque "velam pelo dever de cada cidadão de contribuir de forma justa para as necessidades do Estado, sem favorecer os mais fortes" Tiziana Fabi/AFP (arquivo)

Francisco lamentou que existam "Estados que, apesar de terem enormes recursos, permanecem isolados a nível financeiro ou de mercado global" e reiterou que "se deixassem de produzir armas durante um ano, a fome no mundo acabaria", mas para alguns "as armas são melhores do que resolver a fome"

O Papa Francisco condenou este sábado o desperdício de alimentos, que considerou "um escândalo", sobretudo face à fome que assola tantos países, durante uma audiência com a polícia financeira italiana.

"O desperdício de alimentos é um escândalo (...). Como podemos explicar a fome no mundo de hoje, quando há tanto desperdício nas sociedades desenvolvidas? Isto é terrível", disse o Papa à Guarda de Finanças (Guardia di Finanza, em italiano), citado pela agência Efe. 

Francisco lamentou ainda que existam "Estados que, apesar de terem enormes recursos, permanecem isolados a nível financeiro ou de mercado global" e reiterou que "se deixassem de produzir armas durante um ano, a fome no mundo acabaria", mas, disse, para alguns "as armas são melhores do que resolver a fome".

O Papa elogiou os agentes da polícia financeira italiana porque "velam pelo dever de cada cidadão de contribuir de forma justa para as necessidades do Estado, sem favorecer os mais fortes" e "combatem o uso inadequado da Internet e das redes sociais".

"Quer se trate da cobrança de impostos ou da luta contra o trabalho não declarado e mal pago - outro escândalo - ou, em todo o caso, atentatório da dignidade humana, a vossa ação é da maior importância", disse-lhes.

Exortou-os também a "combater a corrupção e a promover a legalidade. A corrupção que se passa por baixo da mesa". "A corrupção revela um comportamento antissocial tão forte que dissolve a validade das relações e os pilares em que assenta uma sociedade", afirmou.

Valorizou ainda a luta contra o narcotráfico. "O vosso serviço não se limita à proteção das vítimas, mas inclui a tentativa de ajudar ao renascimento daqueles que cometem erros: de facto, agindo com respeito e integridade moral, podem tocar as consciências, mostrando a possibilidade de uma vida diferente", acrescentou.

Para concluir, apelou a todos para que sejam capazes de "construir uma alternativa à globalização da indiferença, que destrói com a violência e a guerra, mas que também negligencia o cuidado da sociedade e do ambiente".

Lusa