Sociedade

Marcelo pede resposta "rápida, rigorosa e eficaz" após incêndios e considera que capacidade de atuação "melhorou muito"

Marcelo sublinha que é urgente "ordenar florestalmente" Patricia De Melo Moreira/AFP

O chefe de Estado recorda que em 2017 "a experiência" com os incêndios "era nova", pelo que a coordenação no domínio das respostas imediatas "foi muito difícil"

O Presidente da República defendeu esta segunda-feira que os incêndios são uma "causa nacional", considerando necessário dar uma resposta imediata com "rapidez, rigor e eficácia" às pessoas e empresas afetadas, ao mesmo tempo que confessou ter a sensação de que a capacidade de atuação "melhorou muito" em relação a 2017.

"Parece uma evidência que a primeira prioridade seja dar uma resposta o mais imediata possível àquelas e àqueles que sofreram", disse Marcelo Rebelo de Sousa, durante um encontro que decorreu em Sever do Vouga, com 69 presidentes de câmara dos concelhos afetados pelos incêndios dos últimos dias e onde esteve também presente o primeiro-ministro, o ministro Adjunto e da Coesão Territorial e a ministra da Administração Interna.

O chefe de Estado acrescentou que esta resposta deve ser "rápida, rigorosa e eficaz", avisando que se esta situação não for resolvida, num prazo muito curto, já não será resolvida.

"Tem de ser assim, se não é assim durante todo o processo, falhamos o objetivo nacional", sustenta.

Marcelo Rebelo de Sousa considera, assim, que uma resposta nestes moldes "defende todos": "Defende populações, antes de mais, que sofreram e sofrem, defende aqueles que participaram nesse combate, fica claro tudo, e defende os autarcas e a posição das CCDR e do poder central não desconcentrado."

Em 2017, recorda, "a experiência" com os incêndios "era nova", pelo que a coordenação no domínio das respostas imediatas "foi muito difícil".

"Apesar do empenho do Estado, eu devo aqui reconhecer que houve muita coisa que foi feita na sequência de 2017 que foi bem-feita, assim como houve muita coisa que não deu os resultados que se esperava que pudessem ter dado", assinala.

O Presidente da República sublinha, por isso, a importância de refletir sobre "aquilo que correu bem e aquilo que correu mal no que se pensou ser a solução a dar aos fogos de 2017".

"Em 2017 ainda era discutido juridicamente se era possível indemnizar as vítimas. Foi preciso estabelecer uma doutrina e tornar clara essa doutrina e aplicá-la de que era possível legalmente indemnizar. Hoje isso está ultrapassado", sustenta.

Marcelo confessa, por isso, ter "a sensação de que a capacidade de resposta em geral melhorou muito em relação ao que era o panorama em 2017", sublinhando, contudo, que é preciso fazer mais.

"Em termos da capacidade das forças da Proteção Civil, em termos da sua preparação, organização, mas vale a pena refletir naquilo que se pode fazer melhor", diz, acrescentando que, ao passo que, em 2017, "não houve praticamente meios aéreos cedidos por estrangeiros, agora foi diferente".

"Há uma coisa que todos temíamos que demorasse uma eternidade e demora uma eternidade: o cadastro. Avançou muito, mas ainda há territórios imensos em que não há cobertura pelo cadastro", atira.

O Presidente da República aponta ainda que é urgente "ordenar florestalmente" e pede mais meios para que isso possa acontecer.

"Em áreas como as dos segundos fogos, a capacidade de regeneração do tecido económico e social foi rapidíssima. Correspondiam a áreas com uma dinâmica social e económica muito forte. Mais difícil foi nos três concelhos dos primeiros fogos, porque não tinham essas dinâmicas por si. Foi mais difícil criar polos de criação de riqueza e rendimento que permitissem que o ordenamento do território não se fosse só teoria", explica.

Cláudia Alves Mendes