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Portugal reafirma apoio à Ucrânia e defende reforço da autonomia europeia na Defesa

Luís Montenegro Christophe Petit Tesson/EPA

“Precisamos de uma Europa mais autónoma, capaz de não estar tão dependente em matérias de dissuasão e segurança”, defendeu o primeiro-ministro

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, afirmou, esta quinta-feira, em Bruxelas, o compromisso de Portugal com o apoio à Ucrânia, apontando a necessidade de um reforço significativo da autonomia europeia na área da Defesa. 

A falar à entrada para o Conselho Europeu extraordinário, Luís Montenegro defendeu a participação ativa da União Europeia para um processo de paz que garanta a segurança ucraniana e europeia.

“A nossa expectativa é que possamos dar passos concretos para a participação da União Europeia num processo de paz que todos ambicionam para a Ucrânia, com as garantias de segurança que são exigíveis para a Ucrânia e para a Europa”, afirmou o chefe do Governo, reiterando a disponibilidade de Portugal para dar o seu contributo.

Montenegro reafirmou o compromisso de Portugal com o apoio político, militar, económico e humanitário ao país invadido pela Federação Russa. “Temos cumprido os nossos compromissos e vamos continuar a fazê-lo no seio do esforço coletivo europeu. Não se trata apenas de apoiar a Ucrânia, mas também de defender os nossos valores democráticos e a soberania das democracias europeias”, sublinhou.

O primeiro-ministro garantiu que Portugal tem cumprido com as suas obrigações e que tem recebido reconhecimento internacional pelos seus esforços. “Desde a primeira hora estivemos ao lado da Ucrânia e continuaremos a cumprir os nossos compromissos. Estamos empenhados na promoção de um processo de paz que garanta estabilidade na Europa e permita encarar o futuro com segurança”, assegurou.

Reforço da Defesa

Em relação ao reforço da capacidade de Defesa europeia, Montenegro destacou a necessidade de uma maior autonomia da União Europeia, de modo a reduzir a dependência externa na aquisição de equipamento militar. 

“Precisamos de uma Europa mais autónoma, capaz de não estar tão dependente em matérias de dissuasão e segurança, abraçando um novo ciclo de investimento para fortalecer a nossa capacidade produtiva”, frisou o primeiro-ministro.

Luís Montenegro salientou ainda a necessidade de um reforço dos mecanismos de financiamento para sustentar este esforço, apontando como exemplo a disponibilização de 150 mil milhões de euros para investimento através de empréstimos aos Estados-membros e a flexibilização das regras do Pacto de Estabilidade e Crescimento. Defendeu também uma coordenação mais estreita para evitar duplicação de investimentos e garantir uma estratégia comum.

O primeiro-ministro enfatizou ainda a importância do investimento em Defesa como um motor de desenvolvimento económico e industrial na Europa. “Investir mais na área da Defesa significa também criar emprego, desenvolver tecnologia e gerar novas oportunidades de negócio. Devemos encarar este momento como um investimento nas nossas capacidades e não apenas como uma despesa com aquisição de material militar a outros blocos comerciais”, argumentou.

João Francisco Guerreiro