O aviso da organizadora do Festival Europeu da Canção surge depois dos comentadores da RTVE terem lembrado os mortos na Faixa de Gaza e terem recordado que a televisão pública espanhola propôs um debate sobre a continuidade de Israel na Eurovisão
Numa carta a que o jornal El País teve acesso, a União Europeia de Radiofusão (UER) recorda à RTVE que as regras da Eurovisão “proíbem as declarações políticas que podem comprometer a neutralidade do concurso” e sublinha que "o número de vítimas não tem lugar num programa de entretenimento apolítico".
A missiva dirigida à chefe da delegação da televisão espanhola, Ana María Bordas, surge depois de uma queixa formal apresentada pela KAN, a emissora pública israelita, e adverte para o risco da RTVE ser multada se este sábado na final da Eurovisão, que se realiza em Basileia (Suíça), se repetirem os comentários realizados na emissão da segunda semifinal.
Em causa estão os comentários feitos na passada quinta-feira por dois comentadores da La2 da RTVE. Antes da atuação da candidata israelita, Yuval Raphael, os comentadores falaram das mais de 50 mil mortes na Faixa de Gaza e recordaram que a televisão espanhola pediu formalmente à organização do festival a abertura de um debate sobre a continuidade de Israel na Eurovisão.
Vários artistas que já participaram no concurso também contestaram a presença de Israel na Eurovisão através de uma carta aberta. Mais de sete dezenas de músicos, entre eles os portugueses Salvador Sobral, António Calvário, Fernando Tordo, Lena D’Água e Paulo de Carvalho, apelaram à UER, para que excluísse a participação israelita por considerarem que a televisão israelita é “cúmplice do genocídio contra os palestinianos em Gaza”.
A final deste sábado da Eurovisão arranca às 20h00 e é transmitida pela RTP.