Sociedade

Spinumviva: Montenegro garante "disponibilidade" para responder ao MP só "através do processo" e não da "comunicação social"

Luís Montenegro António Pedro Santos/Lusa (arquivo)

O chefe do Governo sublinha que o "suposto" é que a Justiça comunique consigo da mesma forma

O primeiro-ministro esclarece que "tem obrigação de falar e responder" ao Ministério Público (MP) apenas através do processo de averiguação preventiva ao caso Spinumviva e garante que é isso que está a acontecer "do seu lado".

As declarações de Luís Montenegro surgem depois de ter sido questionado pelos jornalistas sobre a razão para ainda não ter entregue os documentos pedidos pelo MP.

"Tenho obrigação de falar e responder ao MP através do processo, não é através da comunicação social", remata.

O chefe do Governo adianta ainda que o "suposto" é que a Justiça também faça o mesmo e reforça que isso está "a acontecer" do seu lado, apontando a sua "diligência e disponibilidade". "E é assim que vai continuar", assegura.

"Se todos os intervenientes processuais usarem a sua intervenção para promover a descoberta da verdade e o esclarecimento, é aquilo que se pretende e é nisso que eu estou concentrado. Tudo o resto é luta política", atira.

Depois de recusado despir o fato de primeiro-ministro durante a campanha autárquica — tendo feito anúncios sobre o Orçamento do Estado para 2026 —, Luís Montenegro quer agora assumir o papel líder do PSD, escusando-se a responder a mais perguntas.

"Agora vamos falar daquilo que interessa: estamos a poucos dias de decidir 308 lideranças municipais, a composição das assembleias municipais e a minha obrigação enquanto líder do PSD é colaborar para esclarecer os eleitores", vinca.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) esclareceu na terça-feira que o processo de averiguação preventiva a Luís Montenegro está em curso e não há nenhuma conclusão a retirar neste momento.

"A averiguação preventiva relacionada com a empresa Spinumviva encontra-se em curso. O Ministério Público aguarda ainda documentação que, depois, carecerá de análise. Não há, assim, neste momento, qualquer convicção formada que permita encerrar a referida averiguação preventiva nem nada foi proposto ao Procurador-Geral da República neste domínio", esclarece a PGR em comunicado.

A reação da PGR surge no seguimento da notícia da CNN Portugal que revelava que os procuradores responsáveis pela averiguação preventiva ao caso Spinumviva, à construção da casa em Espinho e à origem dos fundos para a compra de dois apartamentos em Lisboa entendem que deve ser aberto um processo-crime a Luís Montenegro.

O inquérito deverá ser catalogado com suspeitas de crimes de recebimento indevido de vantagens e branqueamento de capitais. O processo terá de ser aberto no Supremo Tribunal de Justiça e os procuradores entendem que só assim se poderá esclarecer o caso.

Cláudia Alves Mendes