Sociedade

PJ faz buscas na sede do Novo Banco e na consultora KPMG por suspeitas de corrupção

Paulo Spranger/Global Imagens (arquivo)

A Polícia Judiciária refere que, em causa, estão "crimes de corrupção passiva e ativa no setor privado, burla qualificada e branqueamento"

A Polícia Judiciária (PJ) está a fazer buscas, esta quarta-feira, na sede do Novo Banco e nas instalações da consultora KPMG, em Lisboa, avançou a CNN Portugal e confirmou a TSF. Em causa estarão suspeitas de crimes relacionados com a venda de ativos do extinto Banco Espírito Santo.

Em comunicado, a PJ adianta que a Operação Hair-Cut visa a "execução de dezenas de mandados de busca e apreensão e de pesquisa informática, em que se investigam factos suscetíveis de consubstanciar a prática dos crimes de corrupção passiva e ativa no setor privado, burla qualificada e branqueamento".

"Em causa estão suspeitas de terem sido praticadas diversas ilegalidades na venda de ativos imobiliários detidos por uma instituição bancária apoiada financeiramente pelo Estado português, através do Fundo de Resolução, resultando dessas operações avultados prejuízos para o Banco em questão e para os interesses do Estado", lê-se na nota enviada à TSF.

No terreno estão mais de cem inspetores da PJ, 14 procuradores do Ministério Público, três juízes de instrução criminal e um elemento da Autoridade Tributária.

Segundo o comunicado, a investigação prossegue com a análise das provas recolhidas, "visando o apuramento integral de todas as condutas criminosas e a célere conclusão dos inquéritos".

Numa nota à imprensa, a KPMG Portugal confirmou, entretanto, que decorrem nos seus escritórios em Lisboa diligências por parte das autoridades judiciais para recolha de informação sobre um dos seus clientes.

"A KPMG Portugal não é visada na operação e continua, como sempre, disponível para colaborar com as autoridades judiciais em tudo o que estiver ao seu alcance", refere o comunicado.

A Lusa contactou o Novo Banco e aguarda resposta.

O Governo e o Fundo de Resolução assinaram esta quarta-feira, em Lisboa, acordos de venda do Novo Banco ao grupo bancário francês BPCE.

O Novo Banco foi criado em 2014 para ficar com parte da atividade bancária do BES, na resolução deste.

Em 2017, a maioria do capital foi vendido à Lone Star. Então, foi acordado um mecanismo pelo qual, nos anos seguintes, o Fundo de Resolução injetou 3.405 milhões de euros no banco, provocando várias polémicas políticas e mediáticas.

Com o fim antecipado deste mecanismo, em final de 2024, tornou-se possível a venda do banco e o pagamento de dividendos aos acionistas. Atualmente, o fundo norte-americano Lone Star tem 75%, a Direção-Geral do Tesouro e Finanças tem 11,46% e o Fundo de Resolução 13,54%.

Em junho, foi acordada a venda ao BPCE por 6.400 milhões de euros.

O Governo disse então que a venda do Novo Banco associada à distribuição de dividendos que ocorreu este ano permitiu "ao Estado recuperar quase 2.000 milhões de euros dos fundos públicos injetados na instituição".

Em agosto, segundo a imprensa, foi assinado contrato de venda do Novo Banco entre a Lone Star e o BPCE.

TSF/Lusa