Economia

BdP aconselha: na ligação online aos bancos faça como se estivesse num local cheio de carteiristas

Gonçalo Delgado/Global Imagens (arquivo)

Com os esquemas de fraude cada vez mais sofisticados, o diretor do Departamento de Supervisão Comportamental do Banco de Portugal revela que o regulador está em permanente alerta e recomenda aos consumidores que façam exatamente o mesmo

O Banco de Portugal (BdP) assegura que toda a dinâmica da fraude é, hoje em dia, uma preocupação muitíssimo grande do regulador.

"Tivemos um caso muito recentemente onde a réplica da página online da instituição era de tal forma perfeita que era extraordinariamente difícil de distinguir se era verdadeira ou se era falsa", conta à TSF Ricardo Oliveira Sousa, diretor do Departamento de Supervisão Comportamental do BdP, que aconselha os clientes bancários a não usarem os motores de busca para procurarem a página dos bancos. O melhor é mesmo usar a barra de endereços e colocar a morada online da instituição bancária ou a aplicação do banco no telemóvel.

Neste caso, conta Ricardo Oliveira Sousa, "se fizéssemos a pesquisa pelo nome da instituição no Google ou em qualquer motor de busca, a verdadeira aparecia em sétimo lugar, acompanhada muitas vezes de telefonemas gerados por inteligência artificial ou com mensagens, por exemplo, os chamados smishing [via SMS]", nos quais são utilizadas entidades credíveis, com o intuito de induzir as vítimas a fornecerem informações pessoais e bancárias.

O diretor do Departamento de Supervisão Comportamental do BdP não duvida que existam já muitas bases de dados com informações pessoais na dark web e se o criminoso já tiver essas informações pode acontecer, como acontece, que cheguem aos telemóveis "mensagens que entram no caudal daquilo que são as mensagens legítimas que a instituição bancária tipicamente envia".

Na origem das fraudes estão, muitas vezes, redes criminosas organizadas e transnacionais e "a multiplicidade de fatores de criação e de indução de confiança no consumidor é tão sofisticada que é muito difícil de combater", afirma o mesmo responsável, que, entre outras funções, tem o objetivo de garantir a estabilidade e a proteção dos consumidores.

Ricardo Oliveira Sousa fala num "jogo do gato e do rato" em que é preciso ir fechando portas, mas no qual os criminosos encontram sempre novos caminhos. O diretor dá um exemplo: "Recentemente, o Banco de Portugal desenvolveu o sistema SPIN e agora sempre que se tenta fazer uma transferência bancária aparece o nome do beneficiário e isso reduziu muito as fraudes nas transferências. Passaram a acontecer nas referências de multibanco e nos pagamentos."

Perante a permanente ameaça e com tantas "situações onde as pessoas ainda hoje estão convencidas que não foram elas que deram os seus dados pessoais", o Banco de Portugal recomenda muita atenção. Ricardo Oliveira Sousa acredita que se estivermos atentos "podemos salvar muito dinheiro e o incómodo emocional provocado por este tipo de situações.

"Fiquem muito alerta às mensagens que tenham algum tipo de erro ortográfico, algum sinal de alerta, algum tipo de pagamento fácil, algum tipo de operação que não estejam a reconhecer. Estejam permanentemente alerta tal como estão permanentemente alerta se forem a um sítio onde sabem que há pickpockets [carteiristas]", sublinha ainda o diretor do Departamento de Supervisão Comportamental do BdP.

Rita Costa