O candidato à Presidência da República conclui em Bruxelas um périplo pela diáspora, centrado na escuta das comunidades portuguesas
O candidato presidencial António José Seguro afirmou, esta terça-feira, em Bruxelas, que a União Europeia "é lenta a agir e lenta a reagir", defendendo uma resposta mais rápida e coordenada, em particular aos desafios da competitividade e da inovação.
Para o antigo líder socialista, "a Europa funciona em volta sempre de uma rotunda", demonstrando incapacidade de transformar em políticas concretas as conclusões dos vários diagnósticos. "Em matéria de competitividade, o relatório Draghi foi apresentado há mais de um ano e nada foi posto em execução. Agora fala-se em nova discussão no próximo semestre, mas a Europa continua parada no debate", defendeu.
O candidato sublinhou que "a Europa precisa de políticas próprias para aumentar a criação de riqueza" e advertiu que a falta de dinamismo europeu está a tornar o continente menos relevante face a outras economias mundiais. Apesar das críticas, Seguro defendeu um aprofundamento do projeto comunitário. "Sou um europeísta convicto e fiel a um princípio: problemas comuns exigem respostas comuns", afirmou, considerando que "se a Europa não se aprofundar politicamente, a alternativa será o regresso aos nacionalismos, e nós sabemos o preço que isso teve no século passado".
Na área da defesa, António José Seguro considerou que "a Europa já devia ter uma plataforma política [na área da defesa]". Recordando que o Reino Unido "já não é Estado-membro, mas continua essencial para a segurança europeia", o candidato apelou a uma maior coordenação e a uma estratégia que una ciência, indústria e tecnologia.
António José seguro defendeu ainda a criação de "um sistema científico europeu, ancorado nos sistemas nacionais, que permita transformar o investimento em defesa num motor de desenvolvimento económico".
"Um "drone" não serve apenas para fins militares, pode ser usado na vigilância de incêndios; o mesmo acontece com sensores, infravermelhos ou materiais desenvolvidos para o calçado e o vestuário", exemplificou, considerando que estas seriam "oportunidades para a economia europeia e para muitas empresas portuguesas".
Seguro argumentou ainda que essa visão reforçaria a autonomia estratégica da Europa face aos Estados Unidos. "Portugal deve continuar na NATO e cooperar com os EUA, mas a Europa precisa de reduzir a dependência tecnológica e afirmar a sua capacidade própria de decisão", sublinhou.
As declarações foram feitas em Bruxelas, à margem de um encontro com a comunidade portuguesa residente na Bélgica. António José Seguro terminou em Bruxelas uma série de deslocações por cidades europeias com forte presença de comunidades de emigrantes portugueses. Antes da Bélgica, o candidato esteve em Zurique, Genebra, Paris e Luxemburgo.
O objetivo da viagem, segundo afirmou, foi "ouvir os portugueses que vivem fora do país" e incorporar as suas preocupações no programa de candidatura. "Quero escutá-los, sentir as suas dificuldades e recolher contributos para soluções concretas. A minha mensagem é de esperança lúcida, feita de gente que quer ajudar Portugal a ser melhor", afirmou.