Política

Jorge Sobrado diz que assume pelouro pela Cultura e não para formar maioria na Câmara do Porto

Estela Silva/Lusa

Depois de não ter conseguido maioria absoluta nas eleições de outubro, conquistando seis de 13 mandatos, Pedro Duarte (PDS/CDS-PP/IL) decidiu entregar o pelouro da Cultura a Jorge Sobrado, eleito pela lista do PS e que passará a vereador independente

O vereador da Câmara do Porto Jorge Sobrado, eleito pelo PS, disse esta quarta-feira que assumirá o pelouro da Cultura no executivo liderado por Pedro Duarte (PSD/CDS-PP/IL) pela importância da pasta e não para formar uma maioria.

"A preocupação não foi, ao contrário do que se possa pensar, a maioria na câmara. A preocupação foi a cultura, a cultura é a causa. O resto serão ganhos colaterais na governabilidade, mas a cultura é a causa", respondeu hoje aos jornalistas no final da cerimónia de tomada de posse dos órgãos municipais.

Depois de não ter conseguido maioria absoluta nas eleições de outubro, conquistando seis de 13 mandatos, Pedro Duarte (PDS/CDS-PP/IL), que hoje tomou posse como presidente da Câmara do Porto, decidiu entregar o pelouro da Cultura a Jorge Sobrado, eleito pela lista do PS e que passará a vereador independente, foi hoje revelado.

"Este convite não era apenas um convite pessoal, era um convite político na medida em que eu podia trazer comigo as minhas ideias, as minhas propostas, e o programa que também coloquei a debate na campanha eleitoral", considerou o vereador eleito pelo PS, que agora ficará como independente.

Para Sobrado, que não tem filiação partidária formal, "o Porto está em primeiro lugar sempre, num ator político independente".

"Portanto, o Porto foi a principal razão da minha disponibilidade para aceitar o convite que partiu da iniciativa do presidente Pedro Duarte", justificou.

Questionado se falou com Manuel Pizarro, candidato do PS às eleições de 12 de outubro nas listas que integrou, e que durante a campanha o indicou como seu futuro vereador da cultura, ou alguém da concelhia do PS, Jorge Sobrado disse que "naturalmente" que falou com o candidato socialista, a quem agradeceu o facto de o "ter endereçado o convite para participar num bom combate" eleitoral.

"Pude, naturalmente, partilhar as minhas razões, as razões que me levaram a aceitar este convite", e questionado se a sua transição para vereador independente com pelouro terá gerado algum mal-estar no PS, disse que não iria "responder pelo Partido Socialista".

Já o novo presidente da Câmara do Porto, Pedro Duarte, disse também aos jornalistas, no final da sessão, que "foi muito fácil" chegar a um "um entendimento naquilo que são os objetivos (...) para a cidade, designadamente neste setor cultural".

"Fui eu que tomei a iniciativa de o convidar. Eu fui sensibilizado, já o disse e repito, fui sensibilizado por um ecossistema muito grande da cultura no Porto e com certeza que se perguntarem à generalidade dos intervenientes na área cultural da cidade, há de facto uma grande satisfação por esta decisão", reiterou Pedro Duarte, que durante a campanha disse que iria assumir ele próprio o pelouro da cultura.

Pedro Duarte disse ainda que o programa cultural que a coligação O Porto Somos Nós (PSD/CDS-PP/IL) tinha "não se distingue particularmente do Partido Socialista, portanto, é absolutamente compatível".

Nas eleições autárquicas de 12 de outubro, o PS elegeu seis mandatos (Manuel Pizarro, Fernando Paulo, Francisca Carneiro Fernandes, Jorge Sobrado, Jorge Garcia Pereira e Marta Sá Lemos), o mesmo número que a coligação PSD/CDS-PP/IL.

Além de Pedro Duarte, a coligação elegeu mais cinco vereadores: Catarina Araújo (CDS-PP), Gabriela Queiroz (PSD), Rodrigo Passos (PSD), Hugo Beirão Rodrigues (IL) e Matilde Gouveia Rocha (IL).

O Chega conseguiu eleger um vereador, Miguel Corte-Real.

Jorge Sobrado, licenciado em Ciências da Comunicação, foi diretor do Museu e Bibliotecas do Porto entre dezembro de 2022 e fevereiro de 2024, cargo que deixou para assumir a vice-presidência da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N). Segundo fonte da CCDR-N, Sobrado cessa funções na comissão na próxima semana e não será substituído.

TSF/Lusa