Já tem mais de 22 mil assinaturas e para a semana vai ser entregue na Assembleia da República. O autor da petição "Pela Criação de Cuidados Intensivos Pediátricos no IPO do Porto" é pai de uma criança que está a recuperar de uma leucemia e em declarações à TSF testemunha na primeira pessoa a urgência de criar esta unidade
O Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto é uma referência no tratamento do cancro, mas se uma criança com doença oncológica tiver uma complicação mais grave e não tiver vaga na Unidade de Cuidados Intensivos (UCI) Pediátricos do Hospital de São João, tem de ser transferida para Coimbra ou mesmo para Lisboa.
É para acabar com essa incerteza e melhorar a capacidade de resposta do IPO do Porto que Nuno Silva, o pai de Santiago, lançou a petição. A experiência que viveu acabou por correr bem, mas apercebeu-se da falta que faz no Norte uma UCI para crianças no Instituto Português de Oncologia.
"O meu filho Santiago, de 11 anos, no ano passado foi diagnosticado com uma leucemia de Burkitt e fomos parar ao IPO do Porto, mas durante os tratamentos teve uma complicação grave. Teve que ser colocado em coma induzido e teve que ser transportado para uma unidade de cuidados intensivos pediátricos", conta Nuno Silva. "Por sorte" conseguiram vaga no Hospital de São João e no único dos quatro quartos de isolamento que estava disponível.
Nuno Silva explica que, na altura, Santiago estava neutropénico (condição médica caracterizada por um número anormalmente baixo de neutrófilos no sangue) e "sem qualquer defesa" e, por isso, tinha de ficar num quarto protegido.
Além disso, a ambulância especial para o transporte deste tipo de doentes também estava disponível. "Nós tivemos muita sorte. Felizmente as coisas correram todas bem, mas isto reforça exatamente a ideia de que, se calhar, outras famílias podem não ter exatamente a mesma sorte", conclui o pai de Santiago.
É, por isso, por todas as crianças e por todas as famílias que Nuno Silva e os signatários da petição, que já são mais de 22 mil, pedem a criação de uma unidade de cuidados intensivos no IPO do Porto.
"A criação desta unidade de cuidados intensivos dentro do IPO do Porto permitirá que não tenha que haver deslocação de crianças para outros hospitais", sublinha Nuno Silva, que logo faz uma ressalva: "Atenção, isto não é uma crítica ao IPO. Muito pelo contrário. O IPO é uma referência a nível do tratamento oncológico."
Hoje, Santiago está em remissão, mas durante nove meses esteve no Instituto de Oncologia do Porto. "É algo extremamente difícil em que estamos sem saber exatamente o que é que vai acontecer no dia seguinte", desabafa o pai, para quem também seria um conforto perceber que podia estar num espaço sem precisar de se deslocar para outro hospital.
Nuno Silva acredita que traz tranquilidade a todas as famílias saberem que uma criança vai ter acesso imediato aos cuidados que pode precisar sem sair do hospital onde está a ser tratada. Por isso, espera que o governo e os partidos tenham "a sensatez de ouvir os pais e melhorar e fortalecer o IPO do Porto". "Tempo é vida!"