Economia

Banco Central Europeu lança aviso à Comissão Europeia

DR (arquivo)

O BCE não quer ver mexidas nas leis comunitárias que regulam a supervisão bancária

A presidente do Conselho de Supervisão do BCE, Claudia Buch, disse esta quinta-feira, na abertura de uma conferência em Frankfurt (Alemanha), que os mercados financeiros estão a subestimar os riscos geopolíticos. E "quase todos os bancos da zona Euro estão expostos a riscos geográficos e políticos".

Assim, o alívio da regulamentação no setor financeiro pode comprometer a viabilidade da banca, a longo prazo, argumenta a chefe de supervisão do BCE.

"Uma supervisão rigorosa ajuda os bancos a gerir os riscos e a seguir as boas práticas. Para desempenharmos o nosso papel, não precisamos de novas estruturas regulamentares, mas precisamos de um compromisso dos legisladores para não enfraquecer as estruturas existentes", adianta Claudia Buch.

Para analisar a exposição geopolítica da banca europeia, o BCE vai avançar no próximo ano (2026) com um novo teste de stress, desta vez um teste "inverso". Ou seja, um teste para saber quais as consequências na banca do pior cenário possível.

A exposição aos riscos geopolíticos do setor bancário passa também pela luta contra os ataques cibernéticos, cada vez mais frequentes e severos. Além disso, "dos 113 bancos que supervisionámos diretamente, quase todos externalizaram funções críticas", sublinha.

"Muitos bancos utilizam serviços na nuvem fornecidos por um pequeno número de fornecedores terceiros não pertencentes à UE. A informação sobre estes contratos de outsourcing e os riscos potenciais melhorou significativamente", defende Claudia Buch.

Por outro lado, 40 bancos diretamente supervisionados pelo BCE possuem filiais fora da União Europeia.

Claudia Buch adianta ainda que 25% dos ativos da banca europeia estão fora da zona euro, em especial nos Estados Unidos da América.

José Milheiro