Sociedade

PJ e Marinha fazem maior apreensão de sempre de cocaína. Há dez detidos

No total, foram apreendidas mais de sete toneladas de cocaína, que seguiam em dois barcos de pesca

As mais de sete toneladas de cocaína apreendidas em duas embarcações de pesca, a cerca de 1.000 milhas náuticas de Lisboa, tinham como destino a Península Ibérica, após o que seriam transportadas para outros países europeus, revelou este sábado a PJ.

Artur Vaz, da Unidade de Combate ao Tráfico de Estupefacientes da Polícia Judiciária (PJ), disse este sábado em conferência de imprensa que a droga se destinava a "ser transferida em alto mar para embarcações de alta velocidade que, por sua vez, a fariam introduzir nas costas da Península Ibérica, para posteriormente seguir para outros países europeus".

A operação "Renascer" foi revelada na sexta-feira, dando conta de que uma operação conjunta da Polícia Judiciária (PJ), da Força Aérea e da Marinha resultou na interceção em alto mar de duas embarcações de pesca com 10 cidadãos estrangeiros e mais de sete toneladas de cocaína a bordo.

Segundo um comunicado conjunto divulgado na sexta-feira, a operação, em articulação com autoridades estrangeiras, decorreu a cerca de 1.000 milhas náuticas (1.852 quilómetros) de Lisboa.

Artur Vaz disse hoje que a operação decorreu em águas internacionais e que o local de interceção das embarcações de pavilhão brasileiro foi o que "pareceu mais vantajoso do ponto de vista operacional".

A bordo estavam 10 cidadãos de nacionalidade brasileira, sem antecedentes criminais. Cinco deles foram já presentes a primeiro interrogatório judicial, tendo-lhes sido aplicada a medida de coação de prisão preventiva, enquanto os outros cinco serrão presentes a tribunal "oportunamente", adiantou o responsável da PJ.

O responsável pela Unidade de Combate ao Tráfico de Estupefacientes da PJ adiantou que a operação foi desenvolvida nas duas últimas semanas e decorreu em duas fases, com grande complexidade, tendo a investigação sido iniciada a partir de informação remetida pelo Maritime Analysis and Operations Centre - Narcotics (MAOC-N), que dava conta de um possível transporte de droga por via marítima, que se encontrava já em curso com destino à Europa.

"As embarcações, provenientes da América do Sul, transportavam mais de sete toneladas de cocaína, que terá sido carregada ao largo da costa do Brasil", refere o comunicado conjunto, acrescentando que, na operação, "foi empenhado um vasto conjunto de meios da Marinha, pertencentes à Componente Naval do Sistema de Forças, da Autoridade Marítima Nacional, da Força Aérea e elementos da Polícia Judiciária, para intercetar as embarcações e evitar que as mesmas pudessem efetuar o transbordo dos fardos de cocaína para embarcações de alta velocidade".

Também presente na conferência de imprensa de hoje, o comandante Ricardo Sá Granja, da Marinha Portuguesa, revelou que a operação obrigou a que fossem percorridas mais de 3.935 milhas náuticas (aproximadamente 7.280 quilómetros) e a 339 horas de empenho direto de militares.

Em comunicado divulgado esta manhã, a Marinha Portuguesa especificou ter colaborado, na madrugada de 17 de novembro, na apreensão de quatro toneladas e meia de cocaína a bordo de uma embarcação de pesca, enquanto na tarde do dia 20 de novembro, passada quinta-feira, foi possível intercetar, na mesma zona, uma segunda embarcação, que transportava mais de duas toneladas e meia de cocaína.

"Através do empenhamento de um vasto conjunto de meios da Componente Naval do Sistema de Forças, designadamente das capacidades de comando e controlo, de patrulha e fiscalização, e de projeção de força, a Marinha intercetou estas embarcações, numa operação que envolveu mais de 210 militares e contou também com o apoio da Autoridade Marítima Nacional, através Comando Regional da Polícia Marítima da Madeira", acrescentou.

De acordo com informação hoje revelada, durante este ano, a Marinha já colaborou na apreensão, em alto mar, de mais de 17 toneladas de cocaína, destacando-se a interceção de dois semissubmersíveis (vulgarmente chamados de narco submarinos) em março e outubro deste ano.

A investigação da operação "Renascer" contou, ainda, com a colaboração Polícia Federal do Brasil, da Agência DEA (Drug Enforcement Administration) dos EUA, da JIATF West (Joint Interagency Task Force West) também dos Estados Unidos, e da NCA (National Crime Agency) do Reino Unido.

António Castilho, da Polícia Federal do Brasil, sublinhou na conferência de imprensa de hoje, que decorreu na sede da PJ, em Lisboa, a importância da "cooperação internacional", considerando que "não há outra forma de derrotar o crime".

"O Brasil não produz um grama de cocaína (...), mas o território brasileiro é usado como passagem de droga, principalmente para África, Europa e Ásia", acrescentou Castilho.

Lusa