Mundo

Hamas acusa Israel de ter violado quase 500 vezes cessar-fogo em Gaza

EDITORS NOTE: Graphic content / An injured Palestinian child reacts at Al-Awda Hospital at the Nuseirat refugee camp in the central Gaza Strip, as casualties are brought into the medical facility following Israeli strikes on November 22, 2025. Israel and Hamas agreed to a US-brokered ceasefire that came into effect on October 10 after more than two years of war, but strikes have continued to take place, with both sides accusing the other of violating the truce. (Photo by Eyad Baba / AFP) AFP

Segundo o balanço, 27 dessas violações ocorreram no sábado, quando uma nova vaga de ataques israelitas em todo o enclave palestiniano causou 24 mortos e 87 feridos

O Governo do Hamas, que controla a Faixa de Faza, denunciou este domingo que Israel violou 497 vezes o mais recente cessar-fogo em Gaza, promovido pelos Estados Unidos e em vigor desde 10 de outubro.

Segundo o balanço, 27 dessas violações ocorreram no sábado, quando uma nova vaga de ataques israelitas em todo o enclave palestiniano causou 24 mortos e 87 feridos.

"Condenamos nos termos mais firmes as contínuas e graves violações sistemáticas do acordo de cessar-fogo por parte das autoridades de ocupação israelitas", afirmou o gabinete político do Hamas em comunicado.

Ao longo dos 44 dias desde a assinatura do cessar-fogo, o Governo de Gaza contabiliza a morte de 342 civis - a maioria crianças, mulheres e idosos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza -, 875 feridos e 35 detenções arbitrárias em incursões e rusgas para além da chamada "linha amarela".

A "linha amarela" é a demarcação imaginária para a qual as tropas israelitas recuaram, embora ainda dentro de Gaza, quando o cessar-fogo entrou em vigor. Entre essa linha e as fronteiras de Gaza com Israel e com o Egito, todo o perímetro, mais de 50% do enclave, está sob controlo militar israelita.

O novo balanço das autoridades do enclave sobre as violações ao cessar-fogo inclui 142 tiroteios contra civis, habitações, bairros residenciais e tendas de deslocados, 21 incursões de veículos em zonas residenciais e agrícolas, cruzando a "linha amarela", 228 bombardeamentos terrestres, aéreos e de artilharia e 100 demolições de habitações e infraestruturas civis.

Nas últimas horas, o Hamas acusou Israel de violar a trégua "com falsos pretextos" e apelou aos mediadores (Estados Unidos, Egito e Qatar) para "intervirem urgentemente e pressionar para que estas violações cessem de imediato".

"Responsabilizamos totalmente a ocupação [israelita] por todas as repercussões humanitárias e de segurança decorrentes destas violações e afirmamos que a sua agressão contínua irá minar qualquer esforço internacional para manter a calma", acrescenta o comunicado do Governo do Hamas.

Por seu lado, o gabinete do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, afirmou no sábado ter lançado os mais recentes ataques, depois de um alegado combatente do Hamas ter cruzado a "linha amarela" e atacado soldados israelitas.

"Em resposta, Israel eliminou cinco combatentes de alto escalão do Hamas", garantiu o gabinete de Netanyahu.

Desde o início da ofensiva militar israelita, desencadeada após os ataques do Hamas a 07 de outubro de 2023, morreram 69.733 habitantes de Gaza, entre eles mais de 20.000 crianças, devido ao fogo israelita, e 170.863 ficaram feridos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza.

Lusa