Cultura

Festival literário Babell traz Salman Rushdie, Olga Tokarczuk e Margaret Atwood ao Porto

Igor Martins

O evento acontece entre 24 e 30 de junho

Salman Rushdie, Olga Tokarczuk e Margaret Atwood são alguns dos escritores confirmados para estar no Babell - Cidade-Livro, o novo festival literário do Porto, que acontece entre 24 e 30 de junho, anunciou hoje Rui Couceiro, comissãrio do evento.

"Posso anunciar aqui, que além de Byung-Chul Han [filósofo germano coreano], vão participar no Babell entre vários outros nomes já confirmados, os seguintes autores: Olga Tokarczuk [escritora polaca], Prémio Nobel da Literatura em 2018, Salman Rushdie [escritor britânico de origem indiana e condenado à morte pelo Irão pelos 'Versículos Satânicos', sobrevivente de um atentado em 2022] e Margarete Atwood [escritora canadiana]", declarou hoje Rui Couceiro, durante uma conferência de imprensa na Livraria Lello (Porto).

Rui Couceiro afirmou que o que mais distingue Babell de todos os outros eventos literários do mundo é a "forma de acesso às sessões literárias".

"Em Babell, os transeuntes, os turistas, quando passarem, por exemplo, pela Praça Gomes Fernandes [Praça dos Leões] e estiver a acontecer uma sessão literária com um escritor, podem parar e ficar a assistir de pé, mas se quiserem estar confortavelmente instalados num lugar sentado terão de se dirigir às quase 70 livrarias da cidade e comprar um livro".

"Pode ser um livro comprado num alfarrabista por um euro, uma obra em segunda mão. A partir do momento em que compramos um livro ganhamos direito a assistir a uma sessão de Babell.

O livreiro entrega uma senha, uma rifa, que inclui um código. Esse código pode ser introduzido no nosso 'site' - babel.pt - e o que acontecerá é que teremos oportunidade de escolher a sessão a que queremos ir", explicou Rui Couceiro.

O livro vai funcionar como uma "moeda de troca", explica o comissário do Babell, considerando que esta estratégia da compra de um livro como sendo o bilhete para um evento pode "revolucionar o setor editorial e livreiro" e ser "replicada em todo o mundo".

O novo festival literário, idealizado e produzido pela Fundação Livraria Lello, com o apoio e parceria da Câmara Municipal do Porto, além de ocupar espaços públicos como as ruas e praças da cidade, vai também ter várias exposições.

Rui Couceiro destacou a exposição de Daniel Mordzinski, o fotógrafo conhecido por fotografar escritores.

A exposição do "fotógrafo de escritores" vai acontecer no Centro Português de Fotografia do Porto com autores que estiveram presos, adiantou o comissário do evento literário.

Jorge Sobrado, vereador da Cultura da Câmara do Porto, frisou que este evento literário é um" projeto independente", mas que conta com o apoio e participação da Câmara do Porto.

"Se o Babell não surgisse pela Lello, teria de ser o município a fazer vingar o projeto", admitiu Jorge Sobrado, reconhecendo que a Feira do Livro do Porto já é "escassa para a cidade".

O vereador da Cultura quer um plano municipal de leitura para o Porto e acrescentou que o contributo da autarquia no evento literário vai ser através da participação com "micro eventos" antes e depois do festival, designadamente com aulas sobre a história da cidade.

O comissário do Babell acrescentou que o festival literário será levado a cabo com capitais próprios e apoios financeiros.

O comissário tem a ambição de que o evento seja "o melhor e o maior em Portugal. "Porque queremos que o livro e a leitura cheguem às mãos das pessoas", afirmou.

Em tempo de ódios e conflitos, Babell lembra o mito bíblico em que a variedade linguística é uma forma de separar as pessoas, mas neste festival a variedade linguística "será uma demonstração de riqueza", asseverou o comissário.

O Babell arranca no dia 24 de junho, feriado municipal do Porto, na sede da Livraria Lello, no Mosteiro de Leça do Balio, no concelho de Matosinhos, no jardim público que será apadrinhado pelo filósofo germano coreano Byung-Chul Han, conhecido pelas análises críticas à sociedade contemporânea, ao capitalismo e ao esgotamento psicológico, e que "passará temporadas no mosteiro a fazer jardinagem", explicou Rui Couceiro.

TSF/Lusa