O presidente de Timor-Leste está interessado em «moralizar» o mundo financeiro internacional. Defende que o Governo de Sócrates foi vítima dos «abutres» das empresas de "rating".
O Presidente de Timor-Leste disse hoje que a iniciativa timorense para a compra de dívida portuguesa, com outros países, tem a concordância do primeiro ministro, Xanana Gusmão, e do líder da oposição, Mari Alkatiri.
Neste processo, a que José Ramos-Horta considera útil «para moralizar um pouco» o mundo financeiro internacional, o presidente timorense diz que prefere actuar com o Brasil e Angola e, eventualmente, com outros países.
Ramos-Horta confirmou ainda que o primeiro ministro, Xanana Gusmão, tem-se envolvido em diligências nesse sentido, nomeadamente na sua deslocação ao Brasil.
«Conversou com a Presidente Dilma sobre isso e ela reagiu muito positivamente e esperamos sensibilizar também os angolanos para este projecto», disse o chefe de Estado timorense em entrevista à Lusa e à RTP em Díli.
O presidente timorense afirmou que Timor-Leste sozinho pode comprar «alguma dívida portuguesa, como já investiu na dívida soberana australiana, grega ou italiana».
Sobre a crise financeira de Portugal, o Presidente de Timor-Leste, considerou também que o Governo de Sócrates foi vítima dos «abutres» das empresas de "rating", que especulam com a situação portuguesa, mas não dão notação B aos Estados Unidos, que têm um défice «assustador».
«Do que eu tenho analisado ao longo dos meses, é óbvio que o actual Governo de José Sócrates fez esforços enormes. São as agências de "rating" que manipulam, deliberadamente ou por pura ignorância, os mercados e levam a países que se têm de financiar nos mercados internacionais, como Portugal, a pagar juros excessivamente elevados, o que é totalmente inaceitável», considerou.