A primeira-ministra demissionária não se entende com o seu futuro sucessor, quanto à entrada em cena do parlamento finlandês, que tem de aprovar os contornos da ajuda a Lisboa.
A questão da ajuda a Portugal domina, como nenhuma outra, as discussões políticas de fundo em Helsínquia.
Desta vez foi quebrado o consenso entre as duas principais figuras do governo em funções.
A primeira-ministra demissionária, Mari Kiviniemi, afirma que o executivo, que ainda lidera, não tem nem tempo nem as condições necessárias, antes de cessar funções, para poder apresentar ao novo Parlamento os contornos para a participação finlandesa na ajuda financeira a Portugal.
A primeira-ministra centrista, que abandonará o cargo no dia 19 de Maio em virtude da pesada derrota que sofreu nas eleições de domingo, está assim em completo desacordo com o seu ministro das Finanças, o conservador Jyrki Katainen, que por coincidência é também o homem que se lhe vai suceder no posto.
Para Katainen, com ou sem tempo, haja ou não condições, os contornos da ajuda finlandesa precisam de ser discutidos e aprovados pelo novo parlamento o mais tardar nos próximos 15 dias, custe o que custar.
O curioso é que ambos os primeiros-ministros, demissionário e próximo, são fervorosos adeptos da ajuda finlandesa a Portugal, e ambos avisam para consequências catastróficas para toda a Europa e para a própria Finlândia, se Portugal cair no colapso económico e bancarrota por falta de auxílio externo.
A questão da ajuda a Portugal continua assim a abalar e gerar brechas nas fundações do outrora pacato, estável e previsível sistema político finlandês, com discussões e desacordos de que à memória não lembra.