Na última sessão do grupo "Mais Sociedade", José Silva Rodrigues alertou que o sector dos transportes públicos «está à beira do abismo» e acusa o accionista Estado de «má gestão».
O actual presidente da Carris, que falava em nome individual no evento final do movimento "Mais Sociedade", que decorre hoje e sábado em Lisboa, reconheceu que existe «má gestão» em alguns casos, sobretudo da parte do Estado.
«Há má gestão? Claro que há má gestão nalguns casos. Existe sobretudo má gestão do accionista, existe sobretudo uma grande irresponsabilidade dos responsáveis políticos», afirmou o gestor.
José Silva Rodrigues, cuja apresentação se focou nas empresas de transporte CP, Metropolitano de Lisboa, Metro do Porto, REFER, STCP, Transtejo e Soflusa, sublinhou a «pesadíssima herança histórica que vai custar mais de 16 mil milhões de dívida acumulada e cerca de 10 por cento do PIB», para ilustrar o estado do sector, que considera estar «à beira do abismo».
«O sector está à beira do abismo mas isso não surpreende, não pode surpreender ninguém. Há muitos anos que caminhamos para a beira do abismo. É uma verdadeira bola de neve que está a rolar a uma velocidade vertiginosa, sabíamos todos que ia esbarrar contra uma parede um dia, mas não esperávamos que a parede fosse a situação que vivemos agora», disse.
Entre os principais problemas que identificou, está o sistema complexo montado nos transportes públicos, explicando que existem em Lisboa «mais de 500 títulos diferentes», uma base tarifária média «muito inferior ao custo médio por passageiro» ou a política dos chamados passes sociais, que diz «não têm critérios sociais».