Legislativas 2011

O debate entre Sócrates e Passos Coelho

Debate entre José Sócrates e Passos Coelho Global Imagens

No último debate para as legislativas, José Sócrates e Passos Coelho trocaram argumentos sobre o SNS, a TSU, o trabalho temporário e a crise económica e política que o país enfrenta.

Sócrates: Estávamos a fazer o nosso caminho e o processo foi interrompido por uma crise política.

Passos Coelho: David Cameron [primeiro-ministro britânico]também nunca fez parte de um governo e é mais novo do que eu.

Passos Coelho: Hoje o Estado Social está mal tratado e o sinal mais evidente do modelo que seguiu são os 700 mil desempregados.

Sócrates: As suas propostas rompem com o senso social da sociedade portuguesa e da Europa.

Sócrates cita Passos enquanto administrador de uma empresa: O ano de 2009 caracterizou-se por uma profunda recessão mundial (...) Portugal registou um comportamento acima da média.

Passos Coelho: Assumo as minhas diferenças de opinião.

Passos: A crise internacional teve efeitos em Portugal (...) Não andámos bem em 2009.

Passos cita Sócrates no passado: Não aumentaremos os impostos para fazer a consolidação orçamental.

Sócrates: Passos cita declarações antes da crise da dívida soberana.

Sócrates: Os co-pagamentos na Saúde defendidos pelo PSD põem em causa o Serviço Nacional de Saúde (SNS) e a igualdade no acesso aos tratamentos.

Passos: Quando ouvimos José Sócrates, percebemos que o país está bem, o Estado Social melhorou muito com este Governo, Portugal não precisou de pedir ajuda externa.

Passos: Este é o resultado da sua política, que os portugueses sentem, sobretudo os desempregados.

Passos: É natural que Sócrates queira discutir as ideias do PSD.

Passos: O co-pagamento na Saúde já existe.

Passos: É preciso abrir às policlínicas e cooperativas de profissionais os cuidados primários de Saúde de maneira a que as pessoas possam ter acesso (...) 500 mil portugueses não têm médico de família.

Sócrates: Estou a falar dos co-pagamentos no SNS que o senhor defende (...) Espero que depois de provar que não estou a mentir, me peça desculpa.

Passos: Não gosta de falar dos resultados do seu Governo.

Passos: O PSD propõe algo gravíssimo (...) O acesso universal a equitativo ao SNS deve ser só para aqueles serviços num plano universal de serviços que o senhor propõe.

Passos: Acabámos de assistir a uma das razões porque Portugal precisa de mudar de governo. (...) Gostava de discutir as suas responsabilidades enquanto primeiro-ministro.

Passos: A saúde não fica em perigo comigo.

Sócrates: Não recuso nenhuma responsabilidade de conduzir a governação num momento particularmente exigente. Portugal enfrenta uma crise que não provocou.

Sócrates: É responsável por ter provocado a crise política que levou Portugal a ter de pedir ajuda externa e um programa onde temos de aceitar todas as medidas que estavam no PEC que o senhor recusou.

Sócrates: Na principal medida política que foi chamado a tomar, optou por uma crise política. Achava que as sondagens estavam compostinhas.

Sócrates: No programa do PS, há várias medidas de empregabilidade para os jovens (...) para terem mais qualificações para defender melhor o emprego.

Passos: Sócrates criou uma fantasia: O Parlamento quando chumbou o PEC 4 abriu uma crise politica apenas porque os partidos da oposição estavam cheios de pressa para ir para o Governo (...) Mas a pressa era de o país mudar.

Passos: Nunca exigi contrapartidas para aprovar medidas difíceis (...) Chumbei o PEC 4 porque não servia e porque [Sócrates] falhou o 1, o 2 e o 3.

Passos: Sócrates decidiu dizer que Portugal não precisava de ajuda quando sabia que precisava em Novembro do ano passado.

Sócrates: O país não precisava de ajuda externa e o dever de um governo responsável é lutar até ao fim para não ter essa ajuda externa.

Sócrates: Na única decisão importante política que teve de tomar enquanto líder do PSD, abriu uma crise política.

Sócrates: Durante muitos meses, ]Passos] teve focado nesta ideia: era bom pedir ajuda externa, é preciso não diabolizar o FMI.

Sócrates: O PSD propõe ir mais além no trabalho temporário (...) que hoje só é permitido com justificação.

Passos: Houve quem dissesse que o programa do PSD era arriscado em matéria de emprego, por eu defender que a médio e longo prazo caminhássemos para um único tipo de contrato, sem termo (...) Trabalho temporário só para emprego sazonal.

Sócrates: O que está aqui [programa do PSD] é gravíssimo. O trabalho temporário é talvez o trabalho mais precário de todos e só deve acontecer com uma justificação. O que está aqui previsto é que deixa de haver essa justificação

Sócrates: O PSD quer combater o desemprego permitindo mais despedimentos.

Sócrates: O Governo comprometeu-se a estudar e depois a propor algo para a Taxa Social Única (TSU) (...) A proposta do Governo é que isso [descida] seja muito moderado. (...) Se descemos a TSU, temos de aumentar os impostos.

Passos: Ao fim de todos estes debates alguém que está no Governo (...) continua a dizer que vai estudar o assunto [TSU].

Passos: É suposto que [o assunto seja incluído] na preparação do orçamento do próximo ano, que é uma coisa que se começa agora e o Governo não tem nenhuma ideia do que vai fazer. Como custa dinheiro e é difícil, prefere antes das eleições dizer que vai estudar.

Passos: a execução orçamental que foi divulgada hoje é a maior preocupação para quem pode ser governo. (...) Até a despesa primária que devia estar a descer significativamente em Portugal está a descer pela metade.

Passos: Não vai ser possível reduzir o défice se se mantiver esta execução orçamental.

Sócrates: Já chega de dizer mal do seu próprio país e de fazer guerrilha ao Governo.

Sócrates: O PSD defende que só se ganha competitividade mexendo nos salários (...) A competitividade deve ser vista não apenas do lado dos salários.

Passos: Acusaram-me de não estar a ser patriota quando disse que não seria possível cumprir o défice (...) O FMI e as instituições europeias disseram exactamente o mesmo.

Sócrates: Enquanto negociávamos com a "troika", andavam a escrever cartas públicas levantando insinuações sobre as contas públicas.

Sócrates: Lamento que o dr. Passos Coelho esteja indisponível [para governar com o PS].

Passos: Será primeiro-ministro apenas se vencer.

Sócrates: Os portugueses sabem que sempre assumi as minhas responsabilidades e nunca virei a cara nos momentos difíceis.

Sócrates: O caminho do PS é o de uma governação responsável e moderada que resolva os problemas nacionais.

Passos: O país foi conduzido a uma situação praticamente de bancarrota (...) Essa responsabilidade cabe a José Sócrates.

Passos: O PSD já cooperou bastante com o Governo. O que está em causa é saber que o país precisa de mudar (...) Formarei um governo coeso e sólido se essa for a vontade dos portugueses.