Legislativas 2011

Passos diz que Portugal corre o risco de não cumprir metas do défice

José Sócrates e Passos Coelho durante o debate Global Imagens

No último debate para as legislativas, Passos alertou que Portugal corre o risco de não cumprir as metas do défice e Sócrates acusou o PSD de ter prejudicado as negociações com a "troika".

No debate desta sexta-feira, na RTP, o líder do PSD afirmou que Portugal corre o risco de não cumprir a meta do défice, de 5,9 por cento.

«O engenheiro Sócrates ainda não conseguiu deixar arrefecer o que assinou com a União Europeia e já não está a cumprir, porque os objectivos que foram fixados este ano, de 5,9 por cento para o défice, já não são atingíveis se o resultado da execução orçamental que foi hoje divulgado for projectado para o resto do ano», alertou.

Na resposta, o secretário-geral do PS acusou o PSD de, enquanto o Governo negociava com a "troika", andar «a escrever cartas públicas, levantando insinuações sobre as contas públicas portuguesas e sobre as instituições», o que foi «absolutamente lamentável» e «prejudicou as negociações».

O ainda primeiro-ministro não revelou como pretende baixar a Taxa Social Única (TSU), defendendo apenas que deve ser uma redução moderada.

«Há muito tempo que explicitamos o nosso ponto de vista, qualquer descida na TSU tem de ser uma descida que possa ser acomodada pela margem orçamental», defendeu.

Isto porque, acrescentou, ao descer a TSU é preciso «aumentar os impostos para compensar a diminuição das receitas».

Para Passos Coelho, o socialista «não tem nenhuma ideia do que vai fazer, mas como sabe que isso custa dinheiro e é difícil, prefere antes das eleições dizer que vai estudar». «Estudámos nós e o Banco de Portugal, acrescentou.

«Se nós nos concentrarmos naquilo que são as duas escolhas entre mim e Passos Coelho, eu julgo que a diferença é fundamentalmente aqui, no Estado Social», destacou José Sócrates.

Na resposta, o social-democrata afirmou que Sócrates «é o primeiro-ministro da área socialista que mais maldades e malfeitorias fez ao Estado Social», dando o exemplo de cortes nos salários da função pública, nas prestações sociais e no acesso à Saúde.

«Se consegue explicar aos portugueses porque é que chegou a uma situação com o desemprego historicamente mais elevado em Portugal e com o Estado Social menos presente para apoiar as pessoas (...) poderemos falar da revisão constitucional [proposta pela PSD], disse.

«Assumirei o lugar de primeiro-ministro se o PSD for o partido mais votado em Portugal, nessa medida esperarei ser convidado a formar um governo e espero que esse governo tenha força e coesão suficiente», disse Passos Coelho, acrescentando que o PS não teve falta de apoio no Parlamento, mas simplesmente foi «um governo incapaz e incompetente».

Para José Sócrates, «quem deve ser convidado a formar governo é o líder do partido que ganhou». «Nós temos o dever de contribuir para um clima político que seja propenso ao diálogo, ao compromisso e ao entendimento», advogou.