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Papandreu admite referendo às reformas estruturais

O primeiro-ministro grego afirmou, esta terça-feira, ponderar a possibilidade de realizar um referendo às «grandes mudanças» políticas e económicas que o governo tenciona aplicar para cumprir o programa de austeridade.

Em declarações durante o Conselho de Ministros desta madrugada, citadas pela agência AFP, George Papandreu disse ter pedido ao ministro do Interior, Yannis Ragussis, para «elaborar as propostas legislativas necessárias para aplicar esta ferramenta democrática, prevista na Constituição».

«Estou pronto para fazer grandes mudanças e, nesse quadro, poderemos utilizar a instituição do referendo para obter o maior consenso possível», disse Papandreu.

O primeiro-ministro afirmou que essas «grandes mudanças» não dizem respeito apenas ao «programa financeiro de médio prazo [2012-2015]» acordado com a "troika", mas também a uma transformação do «modelo político e económico da Grécia», que está minado pelo «clientelismo».

Na sexta-feira, o governo socialista de Papandreu e a "troika" concluíram negociações para a adopção de um novo pacote de medidas de contenção orçamental e para a aceleração das privatizações, como contrapartida para a concessão de um novo apoio financeiro, para lá do resgate de 110 mil milhões euros definido em 2010.

As condições associadas ao resgate da Grécia implicaram a imposição de duras medidas de austeridade, que têm motivado fortes tensões na sociedade grega.

Nas últimas semanas realizaram-se manifestações nas principais gregas, culminando num protesto no domingo em Atenas, que reuniu cerca de 70 mil pessoas. Está prevista para quinta-feira uma greve de funcionários públicos.

As últimas medidas de austeridade anunciadas por Papandreu (aumentos de impostos, mais privatizações) foram contestadas mesmo por deputados do partido, o PASOK (socialista), que ameaçaram chumbar as propostas no Parlamento, a menos que se realize um «debate alargado» prévio.