Segurança

PR pede contributo «justo» às Forças Armadas «sem situações de privilégio»

Cavaco Silva Direitos Reservados

O Presidente da República pediu, esta sexta-feira, Dia de Portugal, às Forças Armadas um contributo «justo e equilibrado», mas sem «situações de privilégio».

«A crise que vivemos é real, séria, e ninguém o pode ignorar. A instituição militar conhece e compreende a gravidade da conjuntura que Portugal atravessa», afirmou o Chefe de Estado, na cerimónia militar das Comemorações do Dia de Portugal.

Reconhecendo que a vida e o quotidiano das Forças Armadas têm sido caracterizados pela «contenção nos gastos, através de uma gestão criteriosa, responsável e exigente», Cavaco Silva, que é também o Comandante Supremo das Forças Armadas, alertou, contudo, para a necessidade de manter esse mesmo rumo.

«As Forças Armadas saberão encontrar os caminhos que lhes permitam superar as dificuldades, explorando as margens ainda existentes para uma maior racionalização e integração de serviços, a fim de que possam manter a capacidade de resposta militar que os portugueses esperam e a sua missão exige», sustentou.

Desta forma, continuou, o contributo que é pedido neste momento da vida do país deverá, «sem situações de privilégio», «ser justo e equilibrado», recorrendo a «decisões bem estudadas e ponderadas» que não as descaracterizem, e «contribuam para uma desejável estabilidade, indispensável ao seu bom desempenho e normal funcionamento».

Numa intervenção totalmente dedicada aos militares, Cavaco Silva deu ainda nota das obrigações do Estado de apoiar e dedicar uma atenção permanente às suas Forças Armadas, assegurando as condições que viabilizem a realização das suas actividades essenciais, mesmo que num quadro de grande rigor e contenção orçamental.

Alertando que «a diminuição da capacidade de produzir segurança pode acarretar riscos não desprezáveis para o desenvolvimento e para o bem-estar nacional», Cavaco Silva sublinhou que a aposta numas Forças Armadas «equilibradas, coerentes e operacionais não é um desperdício de recursos».

Pelo contrário, frisou, é um investimento de futuro, uma garantia de liberdade e de independência e a possibilidade de afirmação de uma vontade política própria, num mundo que precisa do exemplo dos melhores valores.

No seu discurso, Cavaco Silva, que escolheu este ano a cidade de Castelo Branco para palco das comemorações do 10 de Junho, recordou ainda os «sacrifícios» dos soldados portugueses que perderam a vida ou foram feitos prisioneiros na Índia e aqueles que na guerra em África «deram exemplo de heroísmo e bravura», frisando que as divergências na análise dos fundamentos de qualquer conflito, não podem contundir com a admiração que merece «quem tudo arrisca em prol da sua comunidade».

«Portugal não pode esquecer aqueles que morreram em seu nome», disse, caracterizando o soldado português que combateu em África como «um soldado de excepção na disciplina, na camaradagem e no patriotismo, no relacionamento com as populações e na própria interação com o inimigo».