Economia

Estaleiros de Viana vão dispensar 380 dos 720 trabalhadores

Estaleiros DR

Até ao final do ano, a empresa vai dispensar mais de metade dos empregados. O plano de reestruturação dos recursos humanos implica a saída de 380 dos 720 funcionários.

A Administração dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo anunciou a implementação «imediata» do plano de reestruturação dos recursos humanos que vai implicar a saída, até final do ano, de 380 dos actuais 720 trabalhadores.

O presidente do Conselho de Administração da empresa admitiu ser a «única» solução possível, tendo em conta a falta de encomendas e a situação internacional no ramo da construção naval.

Carlos Veiga Anjos acrescentou tratar-se de uma medida que se insere no plano de viabilização aprovado, parcialmente, pelo accionista Estado, através da Empordef, a 14 de Junho, e que define a aposta na construção militar e em navios de elevada incorporação «tecnológica».

Também por isso a empresa vai passar a funcionar com os recursos previstos para a «actividade mínima», contratando serviços ao exterior sempre que a carteira de encomendas assim o justifique.

Este programa de reestruturação de recursos humanos, que prevê a redução de 380 postos de trabalho, admite saídas voluntárias, reformas antecipadas e rescisões por mútuo acordo e vai custar 13 milhões de euros, já assegurados pelo Estado.

A administração afirma que vai incentivar os trabalhadores à criação do próprio emprego e garantir a «protecção social», no entanto, equaciona como «última medida» o despedimento colectivo.

O plano de viabilização foi apresentado esta manhã aos representantes dos trabalhadores, que se dizem «surpreendidos pela brutalidade dos números». Mesmo os que há muito defendiam a reestruturação da empresa.

«Se é para reduzir efetivos para tornar isto apetecível para um privado qualquer estrangeiro vir apoderar-se do que é nosso, obviamente que nem nós, trabalhadores, nem a comunidade vianense o vamos aceitar», afirmou António Barbosa, coordenador da Comissão de Trabalhadores da empresa.

Lembra que esta medida é aprovada «nas vésperas» da entrada em funções do novo Governo.

«O que sai faz um favor fabuloso ao Governo que entra, tudo coordenado pela troika externa e interna», criticou Barbosa, afirmando não ser possível «que se faça uma reestruturação sem as pessoas».

«Vamos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para fazermos valer a nossa voz. Tudo a seu tempo», acrescentou.