Mundo

Quatro líderes dos Khmeres Vermelhos vão hoje a julgamento

Começaram, esta manhã, em Phnom Penh, no Camboja, a ser julgados quatro antigos responsáveis dos Khmeres Vermelhos acusados de genocídio. Sob a batuta do regime de Pol Pot cometeram várias atrocidades e terão morto milhares de pessoas, mas é previsivel que neguem as acusações.

Os quatro dirigentes dos Khmeres Vermelhos hoje com idades muito próximas ou superiores a 80 anos estão acusados, entre outras coisas, de genocídio, crimes de guerra e crimes contra a humanidade.

O documento, onde constam os crimes de que estão acusados, tem 350 páginas. No banco dos réus estão o presidente do governo designado pelos Khmeres Vermelhos, Khieu Samphan, o homem considerado o "número 2" do regime liderado por Pol Pot, Nuon Chea, o ministro dos Negócios Estrangeiros da altura, Ieng Sary, e a sua mulher Ieng Thirit, que tinha a pasta dos Assuntos Sociais.

A audiência inicial, que começou esta segunda-feira e durará quatro dias, servirá sobretudo para tratar de questões legais, como a selecção de testemunhas e acredita-se que deverão chegar às mil ou determinar se Ieng Sary pode voltar a ser julgado uma vez que já foi condenado à morte num julgamento à revelia por genocídio em 1979, mas recebeu uma amnistia real em 1996.

O presidente do tribunal que vai julgar o caso, um tribunal internacional sedeado no Camboja que tem o apoio das Nações Unidas e que foi criado especialmente para casos ligados a este período negro do país, disse à CNN que «o momento é histórico para os camdodjanos mas também para o mundo. É um sinal para todos».

Os crimes de guerra não passarão impunes. Quem os comete terá de responder perante a justiça.

Entre 1975 e 1979 liderados por Pol Pot, os Khmeres Vermelhos governaram com mão de ferro corrigindo à força os que poderiam ser uma ameaça ao regime.

Nesse período foram torturadas por causa da fome, excesso de trabalho ou simplesmente executadas mais de 1,7 milhões de pessoas, o equivalente a quase um quarto da população cambojana.

Pol Pot, líder dos Khmeres Vermelhos, morreu em 1998, quando o movimento não era mais do que um grupo pequeno de insurgentes.

A justiça já condenou a 35 anos de prisão um elemento da direcção dos Khmeres Vermelhos no que ficou conhecido como o "Caso1". Este homem, que era director do principal centro de tortura da altura, viu no entanto a pena reduzida para 19 anos.

O "Caso2", que hoje começou, é considerado o mais relevante e a expectativa é que dure dois anos.