Viriato Soromenho Marques diz que tem faltado lucidez aos principais líderes europeus e assinalou os problemas estruturais da moeda única europeia.
O professor catedrático Viriato Soromenho Marques considerou que a Europa tem que acertar uma estratégia comum para combater a crise pelo menos até ao final do Verão.
Em entrevista à TSF, este professor da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa prevê que se isto não acontecer não só a moeda única estará em risco como também todo o projecto europeu.
Soromenho Marques, que defende que a sobrevivência da União Europeia passa pelo aprofundamento das relações políticas e financeiras, entende ainda que tem faltado lucidez aos principais dirigentes europeus.
Este docente lembra ainda que dizer que a actual crise tem a ver com as dívidas soberanas é apenas parcialmente verdade, uma vez que o Euro apresenta claramente claramente defeitos.
«A nossa moeda única acaba por ser, para todos os países que dela fazem parte, estranha na medida em que não existem mecanismos políticos consensuais que permitam a sua gestão cambial e monetária e que os Estados normalmente têm para poderem responder aos desafios que vão surgindo», sublinhou.
Viariato Soromenho Marques frisa ainda que a resposta a esta crise não tem sido a mais adequada e entende que a «estratégia de quarentena» a que os países em dificuldade têm vindo a ser submetidos «está a chegar ao fim».
Este professor universitário disse ainda que «há uma grande dificuldade de encontrarmos líderes que tenham capacidade para olhar para a Europa com um conhecimento lúcido e profundo da situação».
«Há uma enorme dificuldade para que o interesse europeu possa prevalecer perante o interesse de curto prazo que está geralmente associado com as lutas eleitorais que se passam dentro de cada país», notou.
Para Soromenho Marques, «se o Euro como sistema e como união económica e monetária falir todo o projecto europeu, tudo o que foi penosamente construído ao longo dos últimos 60 anos, depois de 30 anos de guerras europeias e mundiais, vai entrar numa situação de entropia catastrófica».