A criação de títulos de dívida e a nomeação de um ministro das Finanças europeu são soluções para pôr fim à crise da dívida soberana, defendeu o presidente da SaeR, que considerou «ténues» as medidas até agora tomadas.
«Não estou nada surpreendido com o ataque dos mercados especulativos à Itália. E vai continuar se as medidas não forem tomadas», disse Poças Esteves, na apresentação do relatório trimestral da Sociedade de Avaliação Estratégica e Risco (SaeR).
Na conferência de imprensa, o também presidente da Companhia de Rating Portuguesa (CPR) considerou que é diferente «lidar com a Grécia ou Portugal ou com a Itália», em que «qualquer baixa significativa dos níveis de defesa do euro na economia italiana tem impacto significativo para o próprio euro».
«Já devíamos estar a discutir 'eurobonds' [dívida pública conjunta dos países da zona euro] e um ministro das Finanças europeu. A ir por aqui não conseguimos eliminar os contágios», afirmou o responsável.
Mais do que económico, o principal problema da Europa é político e é entre os líderes políticos que deve ser discutida uma solução, que deve passar por uma «maior integração», uma «reacção em bloco, sem isolar países».
O responsável acrescentou que medidas como baixar os juros e alargar os períodos de reajustamento «vão no bom sentido», mas são ainda «medidas muito ténues» que «não estacam risco de contágio» a Itália e Espanha.
O presidente da Saer defendeu ainda que a zona euro precisa de agências de 'rating' europeias «como de pão para a boca», já que as metodologias utilizadas pelas três agências norte-americanas não servem para analisar a economia europeia.