Economia

«Agências de "rating" podem precipitar nova crise», alerta Joseph Stiglitz

Joseph Stiglitz Reuters

Joseph Stiglitz afirmou que as agências de "rating" podem estar «a precipitar uma nova crise financeira», depois de se manifestar céptico em relação às suas avaliações.

Stiglitz, Prémio Nobel de Economia em 2001, fez as afirmações esta sexta-feira em Luanda, onde foi o orador principal da conferência A Crise Financeira Internacional: Riscos e Oportunidades para as Economias Emergentes como Angola, organizada pelo jornal Sol e a revista Foreign Policy Lusófona.

Para o Prémio Nobel, as agências de "rating" têm dois problemas: o do modelo de negócio e o da capacidade técnica dos seus analistas.

Sobre o modelo de negócio, considerou-o «ultrapassado», porque as agências «são pagas pelas pessoas a quem atribuem as classificações no sector privado». Desta forma, acrescentou, «sentem-se obrigadas a dar melhores classificações às empresas de produtos bancários, por exemplo».

O cepticismo do economista, que, entre outros cargos, já dirigiu o Conselho dos Consultores Económicos da Presidência norte-americana, no tempo de Bill Clinton, e o Banco Mundial, estende-se à capacidade dos recursos humanos das agências de "rating" de fazer «avaliações credíveis».

Stiglitz afirmou que «normalmente as suas avaliações não têm qualquer fundamento científico».

Acrescentou ainda que «as agências de "rating" têm um historial muito negativo em termos de notações, que têm sido fonte de instabilidade. Por exemplo, deram boas classificações às empresas de hipotecas [nos Estados Unidos], o que desempenhou um papel preponderante na crise financeira».