O bastonário da Ordem dos Advogados alinha com as preocupações da Associação Cívica Transparência e Integridade e lembra que «determinados clientes poderosos» contratam «advogados que são deputados».
O bastonário da Ordem dos Advogados mostrou-se preocupado com as pessoas que exercem a advocacia e que, na Assembleia da República, são porta-vozes de interesses privados.
«Há um tipo de interesses de determinados clientes poderosos de grupos económicos a quem interessa determinado tipo de legislação e para isso contratam advogados que são deputados. Isso é conhecido de todos e praticamente todo o país vê isso», lembrou Marinho Pinto, em declarações à TSF.
Alinhando com as preocupações da Associação Cívica Transparência e Integridade, que chamou à atenção para a «forte promiscuidade» entre política e sector privado, Marinho Pinto não quis «indicar nomes», mas lembrou que muitos destes advogados «são conhecidos».
«Não analiso nem me preocupo com casos individuais concretos. Preocupo-me com a situação em geral. E a situação é esta: há uma promiscuidade que tem de acabar entre funções de deputado e a actividade privada de advogado», acrescentou.
Marinho Pinto denunciou ainda que «há pessoas que do exercício das funções de deputado acumularam gigantescas fortunas e há interesses muito obscuros que circulam na Assembleia da República».
«A feitura das leis muitas vezes é determinada não pelo interesse público, mas por determinados interesses privados que têm advogados como deputados», frisou.
O bastonário da Ordem dos Advogados exemplificou este ponto com as leis da amnistia, a «última das quais, em 1999, foi de tal maneira a luta entre advogados-deputados para lá colocarem crimes que favorecessem os seus clientes que inclusivamente a versão que foi aprovada na Assembleia da República é diferente da que foi publicada no Diário da República».