O primeiro-ministro defendeu, esta manhã, que nos primeiros 30 dias o Executivo «não perdeu tempo», mas alertou que o país tem ainda pela frente um «esforço colossal».
Na intervenção com que iniciou o debate quinzenal, Passos Coelho afirmou que «o tempo que precisamos ainda de ganhar é gigantesco e o esforço que vamos ter todos de fazer é um esforço colossal».
Para Pedro Passos Coelho, «qualquer que seja o contexto externo que rodeie o processo de transformação da sociedade portuguesa», o trabalho que o país tem de realizar «tem mérito por si próprio».
«Aqueles que pensam que o facto de Portugal vir agora a beneficiar de um regime mais favorável, quer no que respeita aos juros, aos prazos de reembolso (...), não podem confundir essas facilidades com facilidades na pedagogia de austeridade ou na execução de austeridade que precisamos de fazer no país», declarou.
Passos Coelho lembrou também as «muitas vozes» que duvidaram da capacidade do Executivo aplicar de forma célere o memorando de entendimento assinado com a "troika", sublinhando que «têm hoje razões para perceber que o seu cepticismo não se justificava».
Para que o país possa «regressar a um caminho de crescimento da economia» e do emprego, o primeiro-ministro defendeu a necessidade de se conseguir fazer no sector público administrativo e indirecto «uma reavaliação daquilo que são funções do Estado e do que deve ser a reforma da despesa».
O chefe de Governo salientou ainda o empenhamento do Executivo em «dar o exemplo» e tomar medidas para corrigir a despesa pública, salientando que «dois terços» do esforço de consolidação orçamental «será feito do lado da despesa».
«O Governo conseguiu num tempo recorde aprovar em Conselho de Ministros, não apenas um calendário público a que se submeteu para a elaboração do OE2012, através do qual se vinculou antecipadamente a tectos máximos de despesa para o Estado, como iniciou um programa de reestruturação da administração central do Estado, que deverá suprir as falhas gigantescas que nos foram deixadas por um programa que foi o PRACE que não chegou onde devia», enfatizou.
Passos referiu depois que o Governo deverá encetar uma «reforma mais profunda e antecipada» do sector público empresarial e da administração indirecta do Estado não empresarial.
«Haverá lugar à extinção de organismos e de organismos com impacto na sociedade portuguesa. Estamos a iniciar um processo que sabemos que não vai ser pacífico e fácil, mas que é indispensável de assegurar», apontou, dando exemplos como a extinção já assumida da RAVE ou das empresas responsáveis pelo aeroportos de Beja e novo aeroporto de Lisboa.