A Comissão Europeia e o BCE admitiram que o crescimento da economia europeia, no curto prazo, deverá ser mais modesto que o esperado, devido à instabilidade nos mercados financeiros.
Num debate no Parlamento Europeu, em Bruxelas, sobre a situação na Zona Euro, o comissário europeu dos Assuntos Económicos e Financeiros reconheceu que os indicadores de curto prazo para o espaço monetário único apontam para um crescimento «mais moderado» que o esperado, depois de este já ter abrandado entre o primeiro trimestre do ano (0,8 por cento do PIB) e o segundo (0,2 por cento).
Olli Rehn, que interveio numa reunião extraordinária da comissão parlamentar dos Assuntos Económicos e Monetários destinada a abordar a situação nos mercados da dívida soberana, disse que, neste momento, as perspectivas são piores que aquelas traçadas por Bruxelas na passada Primavera, que apontavam para um crescimento de 1,8 por cento em 2011.
O responsável revelou que a Comissão está a preparar as suas novas estimativas, que serão divulgadas a 15 de Setembro.
De acordo com o comissário, este crescimento mais modesto deve-se em parte à contínua instabilidade nos mercados financeiros.
Segundo Rehn, «os mercados financeiros e a economia real caminham agora mais em sincronia», o que a seu ver é um factor de «preocupação profunda», dada a possibilidade de a contínua turbulência financeira afectar negativamente a recuperação da economia real.
Também o presidente do BCE, Jean-Claude Trichet, antecipou na sua intervenção durante o debate um crescimento «modesto» do Produto Interno Bruto da Zona Euro, que atribuiu à fragilidade orçamental de muitos países e às incertezas «particularmente elevadas» nos mercados financeiros.
Trichet estimou ainda uma inflação elevanda, devendo continuar acima dos dois por cento.
Perante esta afirmação, o eurodeputado Miguel Portas recomendou «humildade» ao presidente do BCE, afirmando que não ouviou uma única palavra sobre emprego e relançamento da economia.
Já a eurodeputada Elisa Ferreira considerou que a actual crise tem servido apenas para demonstrar fragilidade da União Europeia.