A esquerda parlamentar criticou as medidas anunciadas esta quarta-feira pelo Governo, apontando o dedo àquilo que considera ser a facilidade com que o Executivo propõe aumentos de importos.
O ministro das Finanças, Vítor Gaspar, anunciou a criação de uma «taxa adicional de 2,5 por cento» para os contribuintes com rendimentos mais elevados e uma outra de três por cento para as empresas com lucros acima de 1,5 milhões de euros.
Para o socialista Eduardo Cabrita, estes anúncios do Governo são uma «decepção colossal». É a prova da «profunda impreparação» do Governo e da «absoluta incapacidade de mobilizar os portugueses» para uma estratégia de crescimento económico, comentou.
Depois de vários adiamentos e promessas, continuou, o Executivo confirmou que «em 2011 nada mais será feito do lado da despesa do que aquilo que havia já sido corajosamente assumido pelo PS».
Apesar da criação de uma taxa adicional para os rendimentos mais elevados ir ao encontro das propostas do líder do partido, António José Seguro, o PS entende que é preciso esperar para conhecer os «detalhes efectivos» dessa medida.
Falou ainda numa «absoluta incapacidade» do Governo em cortar na despesa e simultaneamente numa «absoluta celeridade em medidas injustas», como o aumento do preço dos transportes públicos.
Já o comunista Honório Novo disse que boa parte das medidas anunciadas «já estavam previstas no memorando de entendimento» com a troika" que PSD e CDS-PP «andaram a ocultar durante a campanha eleitoral».
Contudo, mostrou uma «enorme indignação» por perceber que o Executivo «vai manter o corte dos salários até pelo menos 2013», congelar as pensões, eventualmente despedir funcionários públicos e fazer «cortes profundos» na Saúde e na Educação.
Para o comunista, «na prática todos desprezam o estado social».
«O Governo tem o descaramento de anunciar a possibilidade de haver uma recuperação económica e um crescimento do país a partir de 2013 cifrado em 1,2 por cento do PIB», algo que o PCP considera impossível de se concretizar.
Na postura do BE, quem vai sofrer mais uma vez é a classe média. O bloquista Pedro Filipe Soares criticou o Governo por nada fazer perante a crise «insustentável» na Madeira, originada pelo executivo social-democrata de Alberto João Jardim, e acusou o PSD de não fazer mais do que desrespeitar a promessa que fez durante a campanha eleitoral de não aumentar impostos.