Saúde

Transplantes: Demissão da direcção não surpreende ministério

Sangue Direitos Reservados

O Ministério da Saúde não ficou surpreendido com os pedidos de demissão dos responsáveis da Autoridade do Sangue e Transplantação e garantiu que a qualidade se vai manter.

O presidente da Autoridade dos Serviços do Sangue e da Transplantação (ASST), João Rodrigues Pena, e a coordenadora nacional, Maria João Aguiar, apresentaram esta sexta-feira a sua demissão ao ministério em protesto contra as intenções do ministro da Saúde de cortar verbas.

Em declarações à Lusa, o secretário de Estado adjunto e da Saúde, Fernando Leal da Costa, disse não ter sido apanhado de surpresa com a demissão: «Não ficámos surpreendidos porque são duas pessoas, em particular o dr. Pena, que já tinham demonstrado algum desconforto relativamente à orientação que estava a ser dada no contexto de moralização dos incentivos da transplantação».

Fernando Leal da Costa recusa as críticas feitas pela coordenadora nacional da ASST sobre a futura redução do número de transplantes em consequência dos cortes em 50 por cento aos incentivos à transplantação: o Ministério da Saúde «em momento algum está disposto a aceitar menor qualidade nos resultados ou menor acesso».

«Não passa pela cabeça de ninguém que o senhor ministro tivesse na ideia que uma vida humana que estivesse em causa por causa de um transplante deixasse de ser efectuado por causa dos cortes», garantiu o secretário de Estado.

Apesar dos cortes, Fernando Leal da Costa lembrou não ter «nenhum sinal, muito pelo contrário, que a actividade de transplantação não continue com a qualidade e frequência que lhe é reconhecida».

O secretário de Estado reconheceu que as reduções são «drásticas e difíceis» mas eram necessárias, uma vez que o ministério «já estava com muita dificuldade» em conseguir pagar os transplantes em 2011 pelo valor que estava definido na tabela de incentivos.

Leal da Costa explicou que, «continuando o mesmo nível de financiamento, com toda a certeza a partir de 2012 haveria sérios riscos de não ter mesmo capacidade de poder financiar a transplantação».

O secretário de Estado anunciou ainda o projecto de concentrar estes serviços: «Estamos claramente com a noção de que vamos proceder à concentração de centros, sendo agora preciso estudar quantos centros serão necessários e em que localização deverão estar».