Questionado sobre o desempenho de Vítor Gaspar, o ex-Presidente da República entende que o governante é «um bom técnico de economia», mas defende que o país precisa de um político.
O antigo presidente da República Mário Soares manifestou-se «preocupado» com as medidas de austeridade anunciadas pelo Governo, dizendo não ter percebido a entrevista dada pelo ministro das Finanças a um diário.
Questionado pela jornalista Fátima Campos Ferreira numa tertúlia no Casino da Figueira da Foz, sobre a entrevista dada por Vítor Gaspar, Mário Soares rotulou-a de confusa.
«Para dizer a verdade não percebi. Acho que é confusa. Acho que não sou destituído. Já tenho provado que não sou destituído, mas não sei onde quer chegar, nem onde vai e o que pretende», frisou Mário Soares.
O ex-Presidente da República afirmou-se «relativamente preocupado» com as medidas de austeridade que, defendeu, têm de ser assumidas por políticos.
«[O ministro das Finanças] é um técnico de economia. Penso que é um bom técnico. Mas é um político ocasional. Acho que neste momento precisamos de políticos», afirmou Mário Soares.
Defendeu a necessidade das medidas de austeridades terem «alguns limites», dando o exemplo do sector da saúde, que reputou de fundamental.
«Não se pode entregar o serviço nacional de saúde a um bom contabilista que diz 'vamos cortar, cortar, cortar'. Então e os doentes?», questionou.
Sobre o PS, Mário Soares entende que o partido necessita de uma renovação e de romper com comportamentos do passado.
«O Partido Socialista está numa posição de recomeço. Tem de ser renovado, aberto à discussão e ter gente jovem, mas também precisa de mudar certos comportamentos do passado», sublinhou.
Mário Soares foi convidado das Tertúlias do Casino, juntamente com a jornalista Teresa de Sousa, co-autora com o antigo Presidente da República do livro Portugal Tem Saída.