Na TSF, a sub-directora geral de Saúde sublinhou que o corte na comparticipação em três vacinas não significa que estas vão deixar de estar disponíveis gratuitamente nos Centros de Saúde. Em relação aos cortes nas pílulas, o ginecologista Daniel Pereira da Silva fala num retrocesso preocupante.
Ainda este ano vão deixar de ser comparticipadas pelo Estado as píulas anticoncepcionais e três vacinas, a que previne o cancro do colo do útero, a da hepatite B e também contra o hemophilus tipo B.
Confrontada com estas medidas, justificadas com a necessidade de poupança no sector, Graça Freitas, sub-directora geral de Saúde, sublinhou o facto das três vacinas continuarem a estar disponíveis gratuitamente nos Centros de Saúde.
«Os dois grupos onde de facto a vacina tem impacto para a saúde pública e que pode de facto fazer a diferença é completamente gratuita. Obviamente, quem vai fazer a título individual a vacinação por prescrição médica tem que fazer um esforço adicional do ponto de vista financeiro, mas do ponto de vista da saúde pública e da grande maioria que precisam da vacina, a mesma está coberta pelo programa nacional de vacinação», explicou Graça Freitas.
Mas também as pílulas anticoncepcionais vão deixar de ser comparticipadas. Uma medida que no entender do médico Daniel Pereira da Silva, do Colégio de Ginecologia da Ordem, trata-se de um «retrocesso preocupante».
«A prioridade dada em cortes nesta área espeficica é preocupante porque se olharmos para a evolução da sociedade portuguesa nos últimos 30 anos, quando o planemanto familiar passou a ser um direito e a saúde da mulher uma prioridade, sabemos o avanço que isso significou», destacou.
«Estes cortes, principalmente para os mais desfavorecidos é realmente preocupante», comentou, a título pessoal, Daniel Pereira da Silva.
Contactado pela TSF, o Ministério da Saúde argumentou que as pílulas são baratas e distribuidas gratuitamente nos Centros de Saúde.
Contudo, Daniel Pereira da Silva lembrou na TSF que a percentagem de mulhres que recorre aos Centros de Saúde para obter a pílula é pequena, e disse recear que com estas medidas o aborto e as gravidezes indesejavéis aumentem bastante.
«Sabemos o estado de carência em que uma fatia, cada vez mais significativa, da população portuguesa vive porque vê aumentar as suas despesas, quer em bem alimentares, quer em impostos, quer em saúde. Enfim, receio as consequências destas medidas», alertou.