Política

Soares critica silêncio europeu em relação à França e Alemanha

Mário Soares à entrada para o congresso do PS Global Imagens

Num debate no congresso do PS, Mário Soares criticou o facto de Paris e Berlim terem colocado Van Rompuy na frente do executivo europeu sem terem consultado ninguém.

Mário Soares criticou fortemente o silêncio do Parlamento Europeu em relação à posição da França e da Alemanha que têm mal tratado a Grécia e que comprometido o espírito solidário do projecto europeu.

No debate sobre o futuro da Europa durante o congresso do PS, que começou esta sexta-feira em Braga, o histórico socialista pediu aos «partidos dentro do Parlamento Europeu para falar grosso» sobre as posições europeias de Paris e Berlim.

«Agora o novo governo vai ser o Van Rompuy. Ele é que vai dirigir a isto. Dizem isto sem consultar ninguém, nem a Comissão nem o presidente da Comissão. Não ligam nenhuma e o próprio Rompuy fica envergonhado e não diz nada, porque percebe que está tudo mal», explicou.

Para Soares, o governo espanhol deveria estar a falar sobre esta questão. «Está calado e quem diz o Zapatero diz outros Zapateros socialistas», adiantou o ex-Presidente da República, que arrancou aplausos na sala com esta declaração.

Mário Soares lembrou que foi partidário da vinda da troika para Portugal, mas assegurou que aquilo que União Europeia, BCE e FMI dizem «não é eterno».

«Para que servem os sacrifícios de austeridade e a imposição de as pessoas viverem mal e ficarem numa situação muito próxima da pobreza, senão mesmo mergulhadas na pobreza, se ao fim de dois anos, como não houve crescimento e como houve recessão, estamos piores que no começo», perguntou.

Por isso, defendeu que «o que conta são as pessoas e que só depois das pessoas é que vamos tratar das questões dos dinheiros».

«Se a União Europeia, BCE e o FMI entrarem em mudança, a troika obviamente também entra em mudança e pode vir a ter outras ideias