O presidente da Comissão Episcopal de Pastoral Social (CEPS) disse, esta terça-feira, que no combate à crise «têm existido algumas medidas para os mais ricos, mas esses são sempre um pouco mais difíceis de apanhar».
Em resposta aos jornalistas, o bispo Carlos Azevedo começou por clarificar o sentido cristão da caridade contra insinuações da prática da "caridadezinha" de teor assistencialista.
«A caridade é tornar o outro caro para mim, precisamos muito que os outros tenham valor para nós, para que não sejam excluídos. Isso é a verdadeira caridade», frisou, alertando que «quando queremos danificar as palavras, podemos estar a atingir o cerne de elementos que são os mais construtivos do futuro».
Referindo-se ao comportamento do actual Governo no que respeita à administração da justiça social, o bispo das causas sociais da Igreja Católica ironizou sobre os ricos que nem sempre caem na rede certa.
«Algumas medidas têm garantido que os escalões mais baixos não sejam apanhados pelas medidas e isso parece de alguma sensibilidade. Por outro lado, também tem havido algumas medidas para os mais ricos, mas esses são sempre um pouco mais difíceis de apanhar», comentou.
As declarações do bispo foram realizadas no primeiro dia do XXVII Encontro da Pastoral Social, que decorre em Fátima até quinta-feira sob o tema "Desenvolvimento local, caridade global".
Na quarta-feira, segundo dia do evento, o destaque do programa do XXVII Encontro da Pastoral Social vai para a intervenção do cardeal Dionigi Tettamanzi, arcebispo emérito de Milão (Itália), que abordará o tema "Não há futuro sem solidariedade. Uma reflexão teológica-moral a partir da experiência da diocese de Milão".