Política

Seguro acusa Passos de receber ordens de Merkel

António José Seguro Direitos Reservados

O líder do PS sugeriu que há uma pressão externa para a constitucionalização de limites ao défice e à dívida, dizendo que, ao contrário de Passos, não recebe ordens de ninguém.

António José Seguro falava aos jornalistas no final do debate quinzenal, na Assembleia da República, depois de questionado pelos jornalistas se o PS aceita a proposta do PSD no sentido de haver uma revisão cirúrgica da Constituição para estabelecer limites ao défice e dívida na Lei Fundamental portuguesa.

«Eu, ao contrário do primeiro-ministro, não recebo ordens de ninguém, muito menos sobre revisão constitucional», acentuou, acrescentando que só quando ele entender é que os «órgãos do PS irão pronunciar-se sobre essa matéria», até porque o tema nem sequer foi falado por quem de direito na União Europeia.

O secretário-geral do maior partido da oposição entende que Portugal está amarrado a tratados com limites claros, quer ao défice, quer na dívida externa.

«O nosso país está vinculado ao objectivo do défice, ao objectivo da dívida e o PS fará tudo para que esses objectivos se cumpram, é o nosso sentido de responsabilidade», afirmou.

Sobre o tema Europa, o secretário-geral do PS lamentou o que classifica como falta de um pensamento do lado do Governo.

«Eu apresentei no congresso do PS uma visão global que passava pela criação de um governo económico e de um governo político na UE em que medidas relacionadas com a consolidação das contas públicas deveriam estar a par daquilo que é para mim o objectivo essencial: a criação de emprego. E isso faz-se pelo crescimento económico», afirmou, lembrando que não ouviu Passos Coelho dizer nada sobre esse assunto.

António José Seguro acusou ainda o Governo de insensibilidade social, porque não aceitou a sugestão do PS sobre o IVA no gás e na electricidade.

«Neste debate, ficou claro que este Governo não tem qualquer sensibilidade social e que, se este ano as famílias vão pagar mais pelo preço do gás e da electricidade, deve-se a uma opção deste Governo. Ofereci ao primeiro-ministro uma alternativa, que faria que até Dezembro os preços do gás e da electricidade, por via da subida do IVA, não aumentasse», considerou o líder socialista.