No debate quinzenal desta quarta-feira no Parlamento, o primeiro-ministro confirmou que na proposta do Orçamento do Estado para 2012 os números vão prever uma recessão em alta. As críticas da oposição não se fizeram esperar.
Segundo Pedro Passos Coelho, crescimento de economia só a partir de 2013.
Perante esta declaração, a oposição à esquerda adivinha mais sacrifícios. Para Heloísa Apolónia, de Os Verdes, «o grande problema é que o Governo vem dar com uma mão sorridente, mas automaticamente tira com as duas e se considerar preciso pedir uma terceira mão emprestada lá vão três mãos». «Temos uma "troika" (...) a lixar os portugueses», ironizou.
Jerónimo de Sousa, do PCP, quis clarificar se o novo pedido de ajuda externa está mesmo em cima da mesa. «Não está a reconhecer que esta primeira [ajuda externa] não resolveu coisa nenhuma», questionou.
Se algum país da Zona Euro entrar em incumprimento, parece «evidente», para Passos Coelho, que Portugal ficará vulnerável «a um acidente dessa natureza».
O socialista António José Seguro exigiu uma posição firme do Governo para com a banca a propósito dos 12 mil milhões de euros disponibilizados pelo programa de assistência financeira a Portugal.
«Chegou a altura de o Governo fazer lembrar ao sistema bancário português que foi o Estado que, numa altura de aflição do sistema financeiro, fez um esforço para ajudar. Chegou a altura de os bancos ajudarem a financiar as economias», defendeu.
Na resposta, o líder do Executivo disse que o Governo não pode «obrigar os bancos a recorrer a um fundo de recapitalização quando se trate de liquidez para a economia e não de capital para os bancos». «Essa confusão não posso fazer», rematou.
Seguro antecipou uma proposta socialista para o próximo Orçamento do Estado que passa por uma redução ou isenção de IRC para empresas que reinvistam lucros, uma deia que mereceu um "talvez" de Passos Coelho.