Política

«Acabaram os tempos de ilusões», diz Cavaco

Com o fim do tempo de ilusões, Cavaco Silva admite que pode ser necessário recorrer outra vez a ajuda externa (como de se os sinais de recuperação económica não surgirem.

Na sua intervenção nas comemorações oficiais do 101º aniversário da implantação da República, Cavaco Silva retomou a tese de que Portugal não pode falhar. O presidente desafiou os portugueses a trabalhar mais e melhor, alertando para a necessidade de repartir com justiça os sacrifícios.

Cavaco Silva avisou também que caso os sinais de recuperação económica não apareçam, Portugal vai ter que recorrer outra vez à ajuda externa em piores condições para os portugueses.

Cavaco Silva declarou que «acabaram os tempos de ilusões, temos um longo e árduo caminho a percorrer, para o qual quero alertar os portugueses de uma forma muito directa».

«A disciplica orçamental será dura e inevitável, mas se não existirem a curto prazo sinais de recuperação económica podemos perder a oportunidade criada pelo programa de assistência financeira que subscrevemos», alertou.

Este foi o recado para o Governo. Para os portugueses o apelo foi outro: «A crise que atravessamos é uma oportunidade para que os portugueses abandonem hábitos instalados de despesa supérfula».

Cavaco Silva considerou também que Portugal perdeu «muitos anos na letargia do consumo fácil» e que agora «o valor republicano da austeridade digna» deve ser redescoberto, «para que cultivem estilos de vida baseados na poupança e na contenção dos gastos desmesurados».

«Os portugueses têm que saber o que querem fazer do seu futuro colectivo, agora que chegou um tempo em que não bastam os sacrifícios, mas em que é crucial poupar mais, trabalhar mais e melhor, e fazer crescer a economia», realçou.

A iniciativa deve partir dos políticos: «Precisamente porque se pedem mais sacrifícios, o exemplo dos agentes políticos tem que ser mais autêntico».

A aposta, acrescentou ainda Cavaco Silva, tem que ser no saneamento das contas públicas, na produção nacional que faça frente aos mercados externos, no investimento privado e no combate ao desemprego.